São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996 |
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Triplica número de mulheres com Aids
DANIELA FALCÃO
Em 88, havia uma mulher com Aids para cada 18 homens infectados. No ano passado, a proporção passou para 1 mulher infectada para cada 3 homens com a doença. O aumento exagerado do número de mulheres com Aids no Brasil assustou a coordenação do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. Desde 92, o número de homens com Aids tem se mantido estável e houve até redução de 93 para 94 -os dados de 95 ainda não são definitivos. Já entre as mulheres, o número de doentes só cresce. Para tentar reverter o quadro, será lançada até o fim do ano uma campanha de prevenção voltada exclusivamente para mulheres. O objetivo é chamar atenção para a maior vulnerabilidade da mulher e alertar sobre os riscos de transmissão. Na TV, serão usados cartões verdes e vermelhos para diferenciar as situações em que há ou não risco de contágio. Heterossexuais Uma das principais causas do aumento exagerado no número de mulheres com Aids foi o crescimento de heterossexuais infectados pelo vírus HIV por via sexual. Em 90, 6,4% das pessoas que adquiriram Aids durante ato sexual eram heterossexuais. No ano passado, a porcentagem de heterossexuais infectados por via sexual subiu para 29,2%. Segundo a coordenação do programa, as mulheres são mais vulneráveis à Aids por dois motivos. Um deles é biológico e não há muito o que fazer para mudar: a mulher tem chances maiores de ser contaminada porque o esperma fica mais tempo em seu corpo do que o líquido vaginal fica no corpo do homem. O segundo motivo é sociocultural: as mulheres têm mais dificuldades em negociar com o parceiro o uso da camisinha -principalmente as casadas. Ou então acham que não precisam usá-la quando têm um parceiro fixo. Segundo a coordenação do programa, também vem crescendo muito o número de mulheres casadas infectadas pelos maridos. Em 91, 18,6% das mulheres que contraíram Aids por via sexual tinham marido ou namorado que se relacionavam sexualmente com outros parceiros. Neste ano, elas passaram a ser 38,1% do total de mulheres infectadas por via sexual. Quando foram registrados os primeiros casos da doença, entre 80 e 84, a maioria dos infectados tinha nível superior ou pelo menos o 2º grau completo. Hoje, a maioria das pessoas doentes é analfabeta ou só estudou até a 4ª série. Texto Anterior: USP; REBELIÃO 1; REBELIÃO 2; RAPTO; ACIDENTE 1; ACIDENTE 2 Próximo Texto: Cresce contaminação de bebês Índice |
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