São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996 |
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Aeroporto virtual
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
O prefeito Paulo Maluf ajuda a passar o tempo de quem se desloca pela metrópole. Entra ao vivo, dando uma entrevista à Rádio Bandeirantes. Consternado, fala sobre o caso que abalou a cidade. O tom é grave. Diz que falou por telefone "com o Pitta" e decidiram suspender as atividades de campanha naquela trágica quinta-feira. "Não haverá carreata, não faremos nada." Correto. Não pegaria nada bem um "Fura-fila" cortar a tragédia com sua alegre e prática virtualidade. A seguir, o prefeito informa que enviou para o local 27 ambulâncias do PAS. Frisa, repete a sigla e a explica: "Plano de Atendimento à Saúde". Afirma que decretou luto oficial por três dias e que enviou, também, helicópteros para o local. Helicópteros, obviamente, do PAS. Mandou, além disso, montar um hospital de campanha. Com médicos do PAS. Não que não devesse fazê-lo, mas as referências ao plano são tão premeditadas que coram o chofer de táxi. "Ele é fogo", comentamos. A seguir, Maluf discorre sobre o problema que é ter um aeroporto no meio de uma cidade como São Paulo. Diz ao repórter que deu início ao projeto de Cumbica, na condição de governador do Estado. Defende a localização escolhida para o aeroporto internacional, apesar das "críticas que eram feitas" à época. Passa, então, para o momentoso caso de Congonhas. "É preciso pensar um novo local para o aeroporto", diz. "Poderia ser na São Paulo-Jundiaí ou na Castello Branco", sugere. E vai se empolgando com a própria idéia. "Faríamos ali um grande parque", ousa. "Um segundo Ibirapuera", regozija. "Um local para as pessoas passearem em contato com a natureza", entusiasma-se. "Um lugar onde os paulistanos pudessem ouvir concertos de música", viaja. Concerto de música no parque de um aeroporto. Barulhinho bom. Isso é que é vanguarda. Texto Anterior: Juro baixa, mas nem tanto Próximo Texto: Orçamentos militares serão unificados Índice |
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