São Paulo, domingo, 3 de novembro de 1996
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Orçamentos militares serão unificados

AUGUSTO GAZIR

AUGUSTO GAZIR; RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Medida é o primeiro passo para a criação do Ministério da Defesa

RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso quer impor às Forças Armadas, o mais rápido possível, a unificação de parte dos seus orçamentos como primeiro passo para a criação do Ministério da Defesa.
A unificação está prevista na Política de Defesa Nacional anunciada na semana retrasada.
O governo quer que o Exército, Marinha e Aeronáutica comecem a programar em conjunto os gastos, investimentos e até o uso de material que faz parte do equipamento básico das três Forças.
Os três ministérios unificariam, por exemplo, a administração de pessoal de reserva, a compra de munição, a manutenção dos equipamentos e o fornecimento de mantimentos. Pela Política de Defesa Nacional, os militares deverão cada vez mais unificar também as operações de treinamento.
Resistências
Com essas práticas, FHC espera quebrar a desconfiança dos atuais ministros sobre a necessidade de integrar as três Forças e obrigar o Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas) a apressar os estudos para criar o Ministério da Defesa.
Os ministros militares temem que, com a criação do Ministério da Defesa, uma Força venha a se tornar preponderante.
No jogo das resistências, a Marinha e a Aeronáutica temem a força política e o tamanho histórico do Exército. E a Marinha teme que os seus projetos de pesquisa e compras sejam paralisados e jogados na vala comum dos interesses de um único ministério.
As intenções do governo FHC em relação às Forças Armadas ficarão mais explícitas na próxima quinta-feira. Em uma solenidade no Planalto, o presidente vai entregar o documento da Política de Defesa Nacional aos presidentes da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal).
Todos os embaixadores credenciados no Brasil receberão o texto. O documento vai balizar a elaboração de um nova política militar para cada uma das três Forças.
Três "nãos"
A meta do governo é submeter também os programas de reequipamento do Exército, Marinha e Aeronáutica a um plano comum de compras no exterior.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos influenciou de forma definitiva as discussões na formulação da Política de Defesa Nacional e é a principal mentora da estratégia de só liberar dinheiro para a compra de armas nessas condições.
Com essa política definida, FHC fica mais à vontade para negar, ou aceitar, propostas dos ministros militares. O que não se enquadrar na nova diretriz, FHC poderá rejeitar. Assim, o presidente não precisaria dizer "três nãos".
O governo definiu que é prioritário combater as ameaças "globalizadas" contra a soberania nacional, como o narcotráfico, o crime organizado, o contrabando e a lavagem internacional de dinheiro.

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