São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Polícia investiga tiroteio no Pontal

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O delegado de Sandovalina, Marco Antônio Fogolin, abriu ontem inquérito para apurar uma suposta troca de tiros entre sem-terra e uma equipe de seguranças armados da fazenda Santa Irene.
O tiroteio teria acontecido na madrugada de anteontem. Clodoaldo Mendonça, 24, funcionário da fazenda, foi ferido com um tiro no cotovelo esquerdo.
Mendonça foi levado para a Santa Casa de Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo), onde foi medicado às 2h35 de domingo e liberado a seguir.
Fogolin disse ontem à Agência Folha, por telefone, que existem indícios de que houve "troca de tiros entre as partes".
"Estive no local e constatei esses indícios. Os tiros foram disparados dos dois lados. Agora, resta apurar os detalhes do que houve na fazenda", afirmou.
O delegado se recusou a prestar outras informações sobre o inquérito. "A divulgação do caso se dará pela Delegacia Seccional de Presidente Prudente", afirmou.
Os incidente aconteceu depois que um grupo de 300 pessoas, segundo informações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), acampou, no sábado, em frente à fazenda Santa Irene.
A fazenda está em processo de negociação com o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) para desapropriação.
O fazendeiro José Fernandes Jacintho por enquanto não aceitou as propostas de indenização feitas pelo Itesp. Ele afirma que os valores são baixos.
Rainha e Diolinda
José Rainha Jr. e sua mulher, Diolinda Alves de Souza, líderes do MST no Pontal, saíram de cena depois dos incidentes do final de semana na fazenda Santa Irene.
Segundo Felinto Procópio, o Mineirinho, da coordenação do MST, os dois permanecem na região, mas "fora de circulação".
Segundo Mineirinho, Rainha e Diolinda decidiram "dar um tempo", temendo que o juiz de Pirapozinho, Darci Lopes Beraldo, decrete as suas prisões por não comparecerem em audiências de processos onde são réus.
Os dois mais Laércio Barbosa, Márcio Barreto, Manoel Néris dos Santos, Walter Gomes, José Eduardo Gomes de Morais e Zelitro Luz da Silva são acusados por formação de quadrilha.
"Rainha e Diolinda decidiram dar um tempo até que a poeira baixe. O receio é de que a Justiça decrete as suas prisões a qualquer momento", afirmou Mineirinho.
O responsável pelo cartório criminal do fórum de Pirapozinho, Júlio Kumasaka, disse que os líderes do MST não compareceram a uma audiência no dia 17 último.

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