São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Técnicos analisam dados em Seattle

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A SEATTLE (EUA)

Técnicos da empresa Allied Signal passaram o dia de ontem decodificando o conteúdo da caixa-preta que contém as informações sobre os instrumentos (data records) do avião da TAM que caiu em São Paulo na semana passada, matando 98 pessoas.
A empresa é a maior fabricante das caixas-pretas que registram as informações sobre os instrumentos e os últimos diálogos mantidos pela tripulação (voice records).
Fabricante
A caixa-preta com o data records foi analisada em uma fábrica da Allied Signal localizada em Redmond, um pequena cidade ao sul de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos.
O aparelho foi levado aos EUA por uma equipe integrada por dois majores da Aeronáutica, dois pilotos da TAM e um engenheiro da Fokker -empresa holandesa fabricante do avião envolvido no acidente.
O grupo chegou a Seattle no final da manhã de domingo e começou a trabalhar às 9h de ontem, horário local (15h no Brasil).
Reverso
A caixa-preta foi conectada a um aparelho que faz a leitura das informações de navegação do avião.
A decodificação desses dados permitirá saber, por exemplo, quantas vezes o reverso (freio da turbina direita que desequilibrou o avião) abriu e fechou antes da queda.
A expectativa da Allied Signal era concluir o trabalho até o final da tarde de ontem.
A investigação está sendo acompanhada por Dennis Grossi, especialista em decodificação de data records do NTSB (National Transportation Safety Board).
O NTSB é a agência norte-americana encarregada de investigar acidentes aéreos no país. Grossi viajou de Washington para Seattle especialmente para analisar os dados.
O NTSB está auxiliando as investigações a pedido do governo brasileiro.
Vozes
A Allied Signal não dispõe de aparelho para fazer a leitura do modelo específico de caixa-preta que contém o voice records, apesar de ser a fabricante do produto.
Existe a possibilidade de essa caixa-preta ser enviada para o NTSB em Washington, que possui laboratórios apropriados para fazer a leitura das vozes.
O órgão não havia recebido o voice records até as 16h de ontem (19h no Brasil).
A decodificação das informações do voice records permitirá saber com todos os detalhes as últimas palavras ditas não só pelo piloto, mas pelos outros tripulantes da cabine do avião nos segundos que antecederam a queda.

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