São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996 |
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Sábado à noite
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
A coleção "Minha História - Cinema" -de pobre acabamento e capas adulteradas substituíveis por reproduções borradas das originais- abrange ascensão, queda e renascença da tendência. Tudo já estava consolidado em "Os Embalos de Sábado à Noite". Foi quando os Bee Gees largaram temporariamente a vocação de Beatles abregalhados e assumiram a de emuladores abregalhados dos artistas negros que pouco antes haviam inventado a discothèque. Encetaram clássicos às dúzias: "Stayin' Alive", "Night Fever", "More than a Woman". E havia mais: KC & The Sunshine Band, Tavares, Yvonne Elfman -e a versão disco da Nona de Beethoven. Os papas monetários de Hollywood voltariam à carga um ano depois em "Grease - Nos Tempos da Brilhantina", dirigido por Randal Kleiser, em que o mocinho Travolta ganhava a companhia da mocinha Olivia Newton-John. O cenário não era mais a pista de discoteca, mas a gênese e explosão do rockabilly -e John e Olivia se puseram a cantar, imagine. Mero pretexto para nova fileira de hits dançantes: "Grease" (do Bee Gee Barry Gibb), "You're the One that I Want", "Summer Nights" (aquela que rapazes e meninas cantavam juntos). Bem, aí o boom disco começava a arrefecer, e a trilha do musical "Fama" (80), de Alan Parker, veio injetar Broadway em bases dançantes mal-disfarçadas -a começar por "Fame", canção-tema com Irene Cara. A novidade era a entrada do pop de pista na era Hollywood -o cigarro, não a indústria de cinema. Nove entre dez faixas de "Fama" parecem vindas diretamente de comercial de cigarro. Relembre, por exemplo, "Is It OK if I Call You Mine", com Paul McCrane. "Flashdance" (83), de Adrian Lyne, radicalizou na cafonice "tecnodiscopop", da faixa-título (com Irene Cara) e "Maniac" (Michael Sembello) a "Lady, Lady Lady" (Joe Esposito). No mesmo ano, Travolta voltou à carga. Sem êxitos desde "Grease", chamou Rambo, ops, Sylvester Stallone para dirigir "Os Embalos de Sábado à Noite Continuam". Apesar do novo clássico "The Woman in You", não deu em nada. Foi a derrocada final do "movimento" e de Travolta. Nem tanto. O ídolo voltaria em "Pulp Fiction", e a disco viveria nova febre nos 90, bem refletida na trilha do drag-filme "Priscilla". A bem da verdade, foi apenas um revival. "I Will Survive" (Gloria Gaynor), "Mamma Mia" (Abba) e a impagável "I've Never Been to Me" (Charlene) fizeram sucesso tal e qual duas décadas antes, na era mais divertida da história da música baba para dançar. Nunca é tarde para se divertir outra vez. Série: Minha História - Cinema (40 títulos) Lançamento: PolyGram Preço: R$ 18, em média, o CD Texto Anterior: Mostra chega aos 20 sem apoteose e lirismo Próximo Texto: Trilhas reproduzem época Índice |
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