São Paulo, terça-feira, 5 de novembro de 1996
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Mulheres devem dar vitória a Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Se for reeleito hoje presidente dos EUA, como indicam todas as pesquisas de intenção de voto, Bill Clinton vai dever a vitória às mulheres. É a maciça preferência por ele no eleitorado feminino (53% a 31%) que lhe dá a vantagem folgada que tem sobre o republicano Bob Dole.
Entre os homens, Clinton tem 47% das intenções de voto contra 36% para Dole, segundo a mais recente pesquisa do jornal "The New York Times". Se negros e hispânicos fossem excluídos, sua maioria ficaria reduzida a 3 pontos percentuais (39% a 36%).
As mulheres votam mais do que os homens (53% dos eleitores que compareceram às urnas em 1992). Elas optam por Clinton por vários motivos: ele é favorável ao direito ao aborto, defende com mais empenho do que Dole diversos programas previdenciários e fez de educação e ambiente, assuntos pelos quais as norte-americanas se interessam muito, dois dos quatro temas centrais de sua campanha.
A primeira-dama Hillary Clinton também pode ter influência sobre o prestígio eleitoral do presidente entre as mulheres. Embora Elizabeth Dole também tenha tido carreira profissional independente da do marido, a imagem de mulher "liberada" de Hillary é mais forte.
O que a torna impopular entre homens, mas uma clara referência para a maioria das mulheres.
Estreantes
Outro grupo importante para a aguardada vitória de Clinton são os eleitores que votam pela primeira vez. Eles são cerca de 12 milhões (num total de 181,7 milhões de possíveis eleitores). Quase todos se registraram graças à lei patrocinada por Clinton que permite filiação eleitoral junto com a obtenção da licença para dirigir.
As últimas pesquisas da campanha presidencial de 1996 mostraram sólida vantagem para Clinton: 16 pontos percentuais no Gallup e no "The New York Times", 11 pontos no "ABC News", 12 no "The Wall Street Journal".
A única pesquisa importante a colocar a diferença pró-Clinton na casa dos números de um só dígito foi a da agência noticiosa "Reuter" (7,3 pontos; mesmo assim, fora da margem de erro).
A campanha de 1996 não atraiu o interesse do eleitor. Tão certa quanto a vitória de Clinton, de acordo com as pesquisas, é a alta taxa de abstenção hoje.
Estima-se que pouco mais da metade dos eleitores compareça às urnas para votar. Altas taxas de abstenção constituem o único risco possível à reeleição de Clinton: se muitos de seus correligionários faltarem, pode até ocorrer uma surpreendente virada.
O voto não é obrigatório dos EUA. A previsão do tempo é de que fará sol, e as temperaturas serão amenas em quase todo o país.
Clinton e Dole são dois políticos tradicionais. O fato de a eleição de 1996 estar sendo decidida entre eles representa uma reversão da tendência que se observava nos últimos dez anos, de crescente rejeição a esse tipo de homem público.
Os 19% dos votos dados em 1992 a Ross Perot, um empresário, a clara preferência por Colin Powell, um general, nas pesquisas pré-primárias do Partido Republicano, e a vitória de diversas donas de casa e funcionários públicos nas eleições para o Congresso em 1994 eram exemplos dessa tendência.
Mas, no final, Clinton e Dole, que juntos disputaram 28 eleições em suas carreiras, começaram na política partidária antes de terem 30 anos de idade e passaram a vida no poder (Clinton no Executivo, Dole no Legislativo) sobraram como as opções à disposição do eleitor norte-americano. Talvez isso explique o desânimo generalizado.

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