São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Safra dos EUA vai derrubar preço da soja

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os preços da soja na safra 96/97 devem ficar abaixo dos praticados na safra 95/96.
Para Flávio França Júnior, da Safras e Mercado, a cotação ao produtor deverá ser pelo menos 10% superior à média histórica do Paraná (US$ 11/saca).
Isso corresponde a US$ 12,10 a saca de 60 quilos no Paraná para o mês de maio, período de pico de oferta do produto.
A previsão dos analistas de que as cotações caiam em 97 toma como base a expectativa de crescimento nas safras da América do Sul e dos Estados Unidos.
A colheita da Argentina deve passar, por exemplo, dos 12,8 milhões para 13,5 milhões de t.
Mesmo se for confirmado o aumento de produção, as cotações no Brasil deverão permanecer em bom nível, pois não se espera uma reposição significativa dos estoques.
A projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) é que no final da safra 96/97 os estoques mundiais serão de 17,78 milhões de t, enquanto que na 95/96 somaram de 17,16 milhões de t.
A colheita nos EUA deve alcançar 63,85 milhões de t nesta safra, de acordo com a estimativa do USDA, contra 59,24 milhões de t na passada.
No momento restam ainda 30% da área para ser colhida nos EUA.
Quanto à produção brasileira, o setor industrial espera um recorde de 26,5 milhões de t, 2,3% superior à maior safra nacional colhida até hoje, a 94/95, e 13% acima da última, a 95/96.
Esse número deverá ser atingido se for solucionada em tempo a dificuldade do produtor em conseguir crédito de custeio, diz César Borges de Souza, presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O agricultor não obtém os empréstimos, pois está sem ativos reais, como terras, para dar como garantia aos bancos.
José Amauri Dimarzio, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Semente, explica que isso ocorre porque esse tipo de garantia já está comprometido com a renegociação das dívidas.
Em contrapartida a esse problema, a desoneração da cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na exportação da soja vai ser um estímulo ao plantio desta safra.
A medida, promulgada pelo governo federal em 16 de setembro último, eliminou taxas de 13% sobre a exportação do grão, 11,1% sobre o farelo e 8% sobre o óleo.
Pelos cálculos de Fábio Trigueirinho, secretário geral da Abiove, a receita do sojicultor aumenta 18% em média com a isenção do ICMS.

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