São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Três morrem após tiroteio e perseguição

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O subúrbio carioca de Costa Barros viveu ontem uma manhã de pavor. Três pessoas morreram e 11 ficaram feridas. Houve tiroteio, perseguição automobilística, explosão de granada e dezenas de casas atingidas por disparos de fuzil.
O tumulto em Costa Barros (na zona norte, a cerca de 15 km do centro) começou pouco antes das 8h, quando três carros do 9º BPM foram atacados a tiros por criminosos dos morros da Lagartixa, Pedreira e Chapadão.
Acoplada ao cano de um fuzil AR-15, uma granada foi disparada contra uma camionete da PM. A granada entrou pela traseira do carro, explodindo junto à cabine de direção. Estilhaços feriram três dos cinco PMs do carro.
Segundo o coronel Marcos Paes, chefe do 9º BPM, policiais patrulhavam acessos às favelas quando desconfiaram de três carros, na estrada de Botafogo.
Nos carros (Monza, Parati e Gol), havia cerca de 15 homens, que reagiram à aproximação policial.
Após tiroteio inicial, houve perseguição até a passagem da linha férrea da estação de Costa Barros, onde a granada foi atirada.
Preso entre os carros da PM, o Gol (placas LBF-5424) foi abandonado pelos quatro ocupantes, que, armados com fuzis, fugiram em meio à fuzilaria dos PMs.
Dois deles foram mortos após atravessar a linha férrea. Os outros dois, mesmo feridos, conseguiram escapar.
O Monza usado pelos criminosos acabou batendo em uma Kombi (placas KNA-6826) que passava pelo local. Desgovernada, a Kombi atropelou quatro pessoas.
A auxiliar de enfermagem Simone dos Santos, 25, morreu no local, esmagada contra um muro.
Também atropelados, os irmãos Felipe, 3, Camilo, 5, e Cláudio Nei da Cunha, 15, foram levados para o hospital Carlos Chagas.
Com os choques contra o Monza e o muro, o motorista da Kombi, José Albino Filho, machucou um joelho e foi hospitalizado.
No momento da confusão, centenas de pessoas caminhavam rumo à estação de trem. Duas foram atingidas por balas perdidas.
O camelô Roberto Carlos Barros, 31, assistia ao tiroteio sobre a passarela de pedestres. Uma bala de fuzil AR-15 perfurou seu braço.
Jamilson Lima da Silva, 21, tentou se esconder dos tiros deitado no chão. Não teve sorte. Levou uma bala no joelho direito e foi para o Carlos Chagas.
À procura dos criminosos que fugiram para as favelas da região, as polícias Civil e Militar prenderam F.S.O., 15, E.M.A., 16, e o pára-quedista Alex Paes Fernandes, 21, ex-soldado do Exército.
A PM informou que, com os presos, foram encontrados 440 sacolés (pequenos embrulhos) de cocaína e 60 trouxinhas de maconha.

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