São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diretor se diz quase analfabeto

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

É antes de dormir que Simião Martiniano elabora os roteiros dos seus filmes, segundo ele próprio.
"É como num romance. Primeiro vem um verso e depois outro verso", compara ele.
Martiniano define-se como um quase analfabeto (estudou até a 5ª série).
Não lembra nomes de cineastas novos nem antigos, e suas referências cinematográficas têm poucos nomes, como Roy Rogers (astro americano de filmes de cowboy no início da década de 50) e o brasileiro Mazzaropi.
Conta que assistiu a muitos filmes quando jovem, mas hoje já não vai ao cinema. Prefere assistir aos filmes pela TV. Sua predileção é pelos filmes de ação.
Martiniano leva ao pé da letra um dos princípios de Glauber Rocha, de "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", mas nunca ouviu falar nem no diretor nem no cinema novo (movimento iniciado na década de 60, do qual Glauber foi o principal cineasta, e que contrapunha a "estética da fome" ao cinema dito comercial).
Em "O Herói Trancado" há uma briga de punhal entre o herói e o vilão que tem muitas semelhanças com a cena da briga do personagem Antônio das Mortes com um cangaceiro, no filme "Deus e O Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber.
Numa e noutra há pulos, rodopios, imprecações. Martiniano diz que sua inspiração para fazer a cena foi de brigas que ele mesmo viu, no interior do Nordeste.

Texto Anterior: "Ed Wood" nordestino faz cowboy em PE
Próximo Texto: Técnica usa groselha e toucinho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.