São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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William Klein apresenta Nova York

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O fotógrafo norte-americano William Klein, 68, é um das presenças mais importantes no Mês da Fotografia, com a mostra de fotos tiradas em Nova York, 1954-55.
Klein é o principal responsável pela revolução da fotografia de moda na década de 50, utilizando o registro de rua como cenário para as modelos da revista "Vogue".
A mostra traz justamente esse período, baseando-se no livro "New York" (1956).
São cerca de 200 registros, com peças originais, provas de contato e pesquisas gráficas e tipográficas para compor a edição das fotos.
A mostra também traz trabalhos pintados pelo fotógrafo para evidenciar a influência da pintura em sua vida profissional.
Seu trabalho, considerado anárquico, teve como seguidores o inglês David Bailey e o alemão Helmut Newton.
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Folha - Qual é sua opinião sobre esse grande evento de Paris?
William Klein - É uma ótima idéia, mas há muitos eventos como esse, e cada vez apresentando menos e menos surpresas.
Folha - O mês tem algum significado para o mundo da fotografia?
Klein - A fotografia foi inventada na França, porém o maior fenômeno da sua existência veio da América com o aparecimento de galerias, exposições e comercialização de fotos. De lá, também vieram fotógrafos, hoje renomados. No final dos anos 70 e 80, a fotografia norte-americana chegou ao seu ápice em vários segmentos. Na França, isso aconteceu mais tarde. Frequentemente, os franceses se inspiram nos norte-americanos para realizar seus trabalhos e os realizam bem.
Folha - E quais são os critérios de seleção dos trabalhos?
Klein - Acredito que tudo depende do gosto pessoal do curador. Me lembro que Robert Delpire, no Centro Nacional de Fotografia, decidia sozinho e isso aconteceu por mais de quinze anos. Delpire se interessava por fotografia documental, seu predecessor se interessa por fotografia conceitual. Então, a política do Centro mudou. O Mês da Fotografia é dirigido por Jean-Luc Monterosso, que refletiu seu gosto pessoal sobre o evento. Já em Nova York, a maioria das exibições depende do que está na moda, há um grande tráfego de influências, de objetivos e de concessões.
Folha - Monterosso recebeu alguma influência para a seleção dos trabalhos?
Klein - Existe alguma coisa no ar, mas também existe o bom senso. Minha exposição ocupa dois andares e acredito que Monterosso não iria ceder um espaço tão grande a um fotógrafo de que ele nunca tivesse ouvido falar ou que estivesse fazendo sua primeira exposição.
Folha - Quais são seus projetos para o próximo ano?
Klein - Estou planejando um filme, mas como seu roteiro ainda não está pronto, prefiro não falar a respeito. O trabalho fotográfico sobre Nova York está sendo mostrado em vários países. Na Espanha, Itália, e está programado para Hamburgo, Lisboa e Londres.

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