São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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'Estrela Solitária' será julgado na terça

DA SUCURSAL DO RIO; DA REPOTAGEM LOCAL

Apesar de dois dos três desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio terem votado a favor da liberação do livro "Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha", de Ruy Castro (editora Companhia das Letras), ainda não se pode ter certeza de que o livro poderá voltar a ser vendido.
O desembargador Roberto Maron pediu vistas ao processo (um prazo para examinar a documentação), e o julgamento foi adiado para a próxima terça-feira.
Há a possibilidade legal de os dois desembargadores que votaram ontem a favor da liberação -João Wehbi Dib e Lindberg Montenegro- mudarem seus votos.
Mesmo que não haja mudanças nos votos, ainda há a possibilidade de a família de Garrincha recorrer da sentença.
Caso a votação seja unânime em favor da liberação, o recurso só pode ser feito ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Advogados
Em caso de vitória por dois votos contra um, cabe o que se chama de "embargos infringentes" -um recurso ao Grupo de Câmaras Cíveis, última instância da Justiça do Estado.
O advogado da família de Garrincha, Luís Eduardo Salles Nobre, não foi encontrado ontem pela Folha para falar sobre o julgamento.
Segundo o advogado da editora Companhia das Letras, Manoel Alceu, caso a votação seja confirmada na próxima terça-feira, os leitores poderão comprar a biografia de Ruy Castro enquanto a causa está sendo julgada.
"O que se julgou hoje foi a pertinência do mandado de segurança pedido pela família de Garrincha. O que pleiteamos é que o livro possa ser vendido enquanto o processo continua o seu trâmite. O que discutimos é um direito que está na Constituição ", disse.
A família do jogador Garrincha pede a proibição da obra alegando que a biografia estaria maculando a imagem do jogador da seleção brasileira, ídolo do futebol nacional nos anos 60.
A biografia "Estrela Solitária" foi lançada em outubro de 1995. Em dezembro do mesmo ano a família do jogador pediu na Justiça a proibição da circulação do livro.
Para o editor Luis Schwarcz, um dos temas em julgamento é a liberdade de imprensa e de idéias.
"Penso que o julgamento do livro, uma pessoa discordar das idéias contidas em uma obra é uma ação democrática. O que penso ser anti-democrático é impedir que as pessoas tenham o direito de ler esse livro antes que seja divulgado um veredito definitivo."
Schwarcz disse ainda que, se for permitido que a biografia retorne às livrarias, isso ocorrerá em no máximo uma semana.
"Temos que entender esse julgamento como a defesa da liberdade de expressão", afirmou ainda.

Colaborou a Repotagem Local.

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