São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Recuperação do paciente pode levar até 60 dias

JULIO ABRAMCZYK
REDATOR-MÉDICO

A cirurgia à qual foi submetido Boris Ieltsin tinha o objetivo de revascularizar o miocárdio por meio do implante de pontes de safena e/ou artéria mamária, as quais contornam as obstruções das coronárias.
O miocárdio, formado por músculo, é a camada mais espessa da parede do coração. As coronárias são as artérias que levam sangue ao músculo cardíaco. Quando obstruídas, o coração fica sem "combustível" para funcionar. É preciso então criar novos caminhos para que o sangue chegue até ele.
Segundo as fontes oficiais, a cirurgia foi um sucesso.
Apesar da assessoria de especialistas estrangeiros, o paciente, na qualidade de presidente da República, decidiu prestigiar a medicina de seu país, deixando de procurar centros cardiológicos mais avançados.
Durante a fase mais crítica da cirurgia, o coração de Ieltsin ficou parado durante 68 minutos. Nesse momento, o sangue circulava por intermédio de uma máquina coração-pulmão artificial para que as "pontes" fossem costuradas nas artérias coronárias.
Esta operação há vários anos já é uma rotina, quando o paciente apresenta bom estado geral de saúde. A média padrão de permanência hospitalar em doentes sem complicações e em bom estado nutricional é de 7 a 8 dias.
No caso de Ieltsin, com problemas pré-operatórios que retardaram a intervenção por várias semanas, pode-se esperar por um período mais longo de recuperação do paciente.
Nos primeiros dias, deverão ser observados eventuais sinais de insuficiência cardíaca ou arritmia cardíaca para tratamento imediato a fim de evitar que evoluam para graves complicações.
O controle dos parâmetros vitais no pós-operatório imediato, na realidade, é o fator fundamental do sucesso da operação.
Com os fatores de risco bem controlados, possivelmente Boris Ieltsin voltará às suas atividades dentro de 30 e 60 dias, dependendo da evolução de seu estado geral.

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