São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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Doente grave resiste a coquetel anti-HIV

JAIRO BOUER
LUCIA MARTINS

JAIRO BOUER; LUCIA MARTINS
ENVIADOS ESPECIAIS A BIRMINGHAM

Terapia tríplice falha com pacientes que tomam AZT

O coquetel tríplice de drogas para o tratamento da Aids não foi eficaz em cerca de 16% dos doentes contaminados pelo vírus observados em pesquisa conduzida pelo laboratório Merck nos EUA.
O estudo, apresentado ontem no 3º Congresso Internacional de Infecção pelo HIV, em Birmingham (Reino Unido), avaliou a eficácia da terapia com uma das combinações mais potentes disponíveis hoje (AZT, 3TC e o inibidor de protease indinavir).
O coquetel não reduziu a carga viral (quantidade de vírus HIV no corpo) para níveis indetectáveis em 5 dos 31 pacientes analisados.
A pesquisa, ainda em andamento, reflete a avaliação dos doentes depois de 36 semanas de terapia.
Segundo Emilio Emini, diretor de pesquisa antiviral da Merck, dois doentes eram resistentes às drogas, dois não suportaram os efeitos colaterais e um, provavel mente, não tomava os medicamentos nas doses recomendadas.
Todos os pacientes que foram avaliados pelo estudo já estavam doentes (tinham entre 50 e 400 células CD4 por mililitro cúbico).
As CD4, alvos preferidos do HIV, são células que defendem o organismo contra infecções. Quanto menos CD4, mais a pessoa infectada fica sujeita a doenças como pneumonia, herpes e câncer.
Os doentes avaliados também haviam usado AZT por pelo menos seis meses e tinham carga viral elevada (isto é, um número grande de vírus HIV no organismo).
Avaliação semelhante é feita por Charles Farthing, diretor médico da Aids Healthcare Foundation, de Los Angeles (EUA).
Na fundação há 80 doentes tomando o coquetel. Farthing calcula que os medicamentos não são eficazes em 15% dos casos.
Segundo ele, o fracasso do tratamento ocorre, em geral, em doentes que já foram submetidos ao uso de uma droga (normalmente o AZT) por mais de um ano e que ficam resistentes a um ou dois componentes do esquema tríplice.
"Não temos resultados fechados porque o tratamento é recente, mas está provado que o sucesso do coquetel é maior em pacientes que nunca tomaram remédios."

Jairo Bouer viajou a convite do laboratório Abbott

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