São Paulo, quarta-feira, 6 de novembro de 1996
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AINDA SEM CURA

É preciso que se diga claramente: a cura ou uma vacina contra a Aids estão longe de ser alcançadas. Mas os resultados positivos em tratamentos com o chamado coquetel de drogas não deixam de ser boas notícias. Se uma vitória definitiva contra a doença ainda demandará um longo tempo em pesquisas, ao menos já há novos caminhos para tentar chegar até ela.
Desde que o norte-americano David Ho anunciou seu balanço positivo do uso das drogas combinadas, em julho deste ano, verificou-se uma grande e compreensível demanda pelo coquetel. Doentes de Aids, portadores do vírus HIV ou mesmo pessoas não contaminadas viram na nova fórmula uma esperança de derrotar mais rapidamente a doença.
Tal reação foi corroborada por resultados posteriores. Estudo anunciado na última segunda-feira registra redução de 50% das mortes por Aids em grupos de norte-americanos e europeus que têm adotado a nova terapia. No Brasil, uma menina de 9 anos conseguiu uma redução em 98% da presença do HIV depois de tratada com o coquetel, proibido no país para crianças, mas liberado pela Justiça para esse caso.
São resultados indiscutíveis de uma terapia cujos efeitos ainda são pouco conhecidos, aspecto que médicos e pesquisadores fazem questão de ressaltar. Não se sabe ainda a que grau podem chegar os efeitos colaterais das drogas, e as consequências no caso de tratamentos prolongados também são uma incógnita.
A nova terapia baseada no coquetel deve estar acessível ao maior número de pacientes e portadores do HIV, já que representa uma nova esperança de vida para os acometidos pela doença. Mas sua adoção, além de seguir as limitações que os cientistas têm exigido, não deve substituir as campanhas de prevenção para evitar a transmissão do vírus. Existe esperança, mas ainda não há cura.

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