São Paulo, quinta-feira, 7 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hong Kong volta para a China em 1997

CINÍLIA T. GISONDI OMAKI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Após 155 anos de controle ocidental, Hong Kong retorna à China."
Provavelmente essa será uma das manchetes que veremos na manhã de 1º de julho de 1997, resultado do acordo, iniciado nos anos 80, entre a China e os britânicos, sobre a devolução integral das áreas chinesas administradas pelos povos britânicos desde o século 19.
A Europa industrializada do final do século 19 voltou a recorrer ao imperialismo colonial, e a China foi uma das áreas mais cobiçadas devido as suas riquezas naturais, sua grande população e seu poder gerador de matérias-primas.
Como o governo imperial dos Tsings, dinastia de origem Manchu, tentava manter a unidade política e evitar maiores aberturas aos estrangeiros, a estratégia inglesa foi a de enfraquecer os chineses; primeiro com ópio e depois por meio de guerras e tratados desiguais.
Hong Kong é controlada pelos britânicos desde 1842, após a Guerra do Ópio e a assinatura do Tratado de Nanquim. Desde o início, representou uma área fundamental de ligação entre a Europa e a China.
Sua evolução é surpreendente: passando de uma ilha de poucos pescadores, durante o século 19, para um dos principais centros financeiros mundiais na atualidade, com uma população de 6 milhões de habitantes e uma das mais altas rendas per capita de toda a Ásia, cerca de US$ 24 mil.
Enquanto Hong Kong tem sua história ligada ao capitalismo ocidental, a China tem seu processo mais relacionado ao socialismo.
Mudanças ocorreram só na década de 70, com uma China mais aberta ao mundo, por meio de sua entrada na ONU, sua aproximação com os EUA e o início de sua abertura econômica.
No final dos anos 80 Deng Xiaoping começou o processo de "desmaoização" e um amplo plano de modernizações, que atraiu investimentos estrangeiros e possibilitou um grande acontecimento econômico.
A reintegração de Hong Kong representa para a China a certeza do avanço de seu crescimento econômico, funcionando como porta de entrada aos capitais internacionais e o aumento de seu PIB (Produto Interno Bruto).
Para Hong Kong sobram dois sentimentos -o do nacionalismo (volta às raízes) e o medo do regime comunista, que aceita a abertura econômica, mas reprime estudantes que sonham com mais liberdade e democracia.
Junto aos sentimentos de Hong Kong estão as esperanças do mundo de uma fusão com progressos e ganhos para os dois lados.

Texto Anterior: Obra faz dicotomia campo x cidade
Próximo Texto: Prática é o forte dos cursos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.