São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Direção do PT acha "engodo" MP que Erundina elogiou na televisão

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

A MP (Medida Provisória) do governo que beneficia pequenas e micro empresas é um "engodo".
Definição do presidente nacional do PT, José Dirceu, em franco contraponto ao elogio feito à medida pela candidata do partido à Prefeitura paulistana, Luiza Erundina.
Além de elogiar, Erundina utilizou imagens do presidente Fernando Henrique Cardoso, ao lançar a MP, em seu programa do horário eleitoral gratuito.
Dirceu diz que "o espírito" da propaganda de Erundina está correto, dado que o programa do PT sempre foi favorável à pequena e microempresa. Mas a contraposição é inevitável quando se sabe que Erundina apoiou um projeto específico e não "o espírito" pró-pequenas e micros. Para Dirceu, a MP "troca seis por meia dúzia".
O presidente nacional do PT ataca outro líder do partido, o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, que chegou a insinuar o apoio do PT a uma candidatura FHC, em entrevista ao jornal "Gazeta Mercantil".
"Não existe a menor possibilidade de apoiar Fernando Henrique Cardoso", fulmina Dirceu.
Ao contrário: o líder nacional do partido prevê que o PT caminha para "uma oposição ainda mais intransigente", se se mantiver "o andar da carruagem" que o governo federal vem adotando.
Por "andar da carruagem", Dirceu entende um viés autoritário, especialmente no que se refere à reforma política, cujo carro-chefe é o projeto de reeleição.
Dirceu suspeita que o governo tentará eliminar tanto o horário gratuito como o segundo turno, nas futuras eleições.
Por tudo isso, o presidente do PT descarta total e cabalmente a hipótese de um encontro entre FHC e Luiz Inácio Lula da Silva.
Especulações nesse sentido surgiram nos últimos dias, especialmente depois que o próprio Dirceu teve, há 15 dias, uma audiência com o presidente da República.
A audiência, segundo o relato do petista, limitou-se exclusivamente ao tema reforma agrária, que, de resto, originara o encontro.
Nesse capítulo, pelo menos, FHC e o PT convergem. Dirceu diz que o presidente mostrou-se "muito firme" e manifestou a disposição de vetar qualquer projeto vindo do Legislativo que elimine o rito sumário para desapropriações de terras destinadas à reforma.

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