São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Funcionários do PAS vão à Justiça por salário

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários da cooperativa do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) do Butantã/Lapa entram hoje na Justiça do Trabalho para receber seus salários integralmente.
O módulo Butantã/Lapa pagou salários parcialmente aos cooperativados, sem um aviso formal de que iria parcelar o pagamento.
O supervisor de tráfego Severino Neves Batista Filho, que foi demitido ontem, afirma que o pagamento parcial se trata de um "rebaixamento de salário".
"Ninguém foi avisado que o salário seria dividido. Quando eu fui reclamar com o diretor, ele disse que iria acertar o pagamento. Não acertou e me mandou embora", disse Batista Filho.
O pagamento parcial não obedeceu a um critério único. Cada caso teve um corte.
Supervisores de tráfego, por exemplo, que recebiam R$ 1.500, receberam este mês R$ 600, ou seja, 40% do valor pago em outubro.
Com algumas exceções, a porcentagem que faltou pagar aos médicos foi menor: a médica Sonia Maria S. Cruz, que recebeu no mês passado R$ 7.720, retirou este mês R$ 6.400. Já seu colega Dimitri Josif Gheorghiu, que ganhava R$ 6.400, retirou R$ 1.963.
Ontem, um grupo de seis funcionários do módulo Butantã/Lapa tentou registrar boletim de ocorrência no 91º Distrito Policial, na Lapa (zona oeste), contra o corte. Foram orientados pela delegada que atendeu a ocorrência a procurar a Justiça do Trabalho.
O diretor do PAS Butantã/Lapa, o economista Joaquim Pedro Villaça de Souza, que assumiu a direção do módulo há 20 dias, negou que o pagamento parcial seja um rebaixamento de salário.
"Estamos fazendo um estudo de racionalização de custos do módulo. Foi um ajuste. Ainda estou fazendo um diagnóstico da situação. Acho que não vai ser necessário rebaixar salários", afirmou o diretor.
Segundo Souza, os funcionários deveriam ter recebido ontem a parte do salário que faltava. A Folha apurou que os depósitos não haviam sido feitos até as 17h. "É que depois de eu dar a ordem, o Banespa ainda demora mais dois dias para depositar", disse Souza.
Sobre a reclamação dos funcionários, de que não tinham sido avisados do pagamento parcial, Souza foi categórico: "O antigo diretor, Primo Curti, avisou verbalmente os funcionários". Trabalham no módulo Butantã/Lapa 1.200 pessoas.
Souza justificou a demissão do supervisor de tráfego afirmando que ele acumulava funções na prefeitura. "Vou comunicar ao secretário (Roberto Paulo Richter, da Saúde) e abrir um procedimento administrativo contra ele. Foi o próprio secretário que pediu que não deixássemos que funcionários acumulassem funções", disse.
Batista Filho também exerce a função de supervisor de tráfego no Pronto-Socorro da Lapa, onde recebe R$ 480.
Procurado pela Folha, o secretário da Saúde disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria o assunto.

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