São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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UDR faz leilão para arrecadar fundos

Entidade quer vender mil cabeças de gado

FÁBIO SANCHEZ
ENVIADO ESPECIAL A SANDOVALINA

Está marcado para 23 de dezembro um leilão de mil cabeças de gado em Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo) com o objetivo de arrecadar fundos para revigorar a UDR (União Democrática Ruralista).
O gado foi doado por fazendeiros da região do Pontal do Paranapanema, com o objetivo de financiar a contratação de dois advogados e a montagem de uma sede da UDR.
A UDR é apontada pelo governo estadual como principal interessada no fim das negociações que o Itesp (Instituto de Terras de São Paulo) vem tendo com 39 fazendeiros para a compra de terras para a reforma agrária.
A situação foi agravada com dois tiroteios que aconteceram entre integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), que estão acampados na fazenda Santa Irene, em Sandovalina, e seguranças.
"As bases da UDR estão motivadas", disse Roosevelt Roque dos Santos, presidente da entidade na região. Segundo ele, a UDR de fato desaconselhou os fazendeiros a evitar negociações com o governo estadual porque "o preço que eles oferecem pela terra é aviltante".
Com o dinheiro arrecadado no leilão, a entidade pretende questionar judicialmente os integrantes do MST e os acordos propostos pelo Itesp.
O primeiro alvo dos advogados do Itesp será o acordo feito entre a Cocamp (Cooperativa de Comercialização dos Prestadores de Serviços dos assentados de Reforma Agrária do Pontal) e o Banco do Brasil para a compra de 50 tratores. Oito desses tratores foram usados na invasão da Fazenda Santa Irene, no dia 5.
"É o mesmo que financiar o crime", diz Roosevelt, que vai enviar hoje cartas a pelo menos dez deputados federais simpáticos à UDR explicando a operação.
O dono da fazenda Santa Irene, Francisco Jacintho, defende a UDR: "A UDR não é bandida e está, como os fazendeiros, quietinha no canto dela".
Ele mandou colocar ontem uma placa em frente sua fazenda com os dizeres "Propriedade particular. Proibida a entrada de estranhos".

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