São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Chácara é incendiada após morte de garoto

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Cerca de 50 pessoas incendiaram ontem de madrugada a casa de uma chácara em Tanabi (480 km a noroeste de SP), revoltadas com a morte de um garoto de 9 anos.
Danilo Tiago de Jesus dos Santos morreu depois de se agarrar a uma cerca eletrificada que circunda a chácara, no bairro Nova Tanabi, anteontem no início da noite.
O proprietário da chácara, o eletricista Marciano Maciel Neto, não foi localizado pela Agência Folha.
Segundo Marcos Tadeu da Silva, funcionário de uma oficina de propriedade de Neto, ele estava no IML de Monte Aprazível, onde ocorrerá a autópsia.
Silva disse que a cerca eletrificada estava desligada há mais de um ano, depois que outras crianças levaram choque.
A dona-de-casa Shirlei Aparecida Ferreira Vasques Nagliati, vizinha da chácara, disse que um de seus dois filhos, Lucas, 5, já levou um choque na cerca.
Ouvidos ontem pela polícia, três garotos que estavam com Santos disseram que eles estavam apanhando manga em um terreno vizinho à chácara. Uma manga teria caído dentro da chácara. O garoto foi atravessar a cerca, segurou o fio eletrificado e ficou grudado.
Pedro Cristiano, um dos garotos, disse que agarrou o colega e o puxou. Santos se soltou e caiu já desacordado, segundo o depoimento. Os garotos correram em busca de socorro. Santos foi levado à Santa Casa da cidade, onde chegou morto às 20h45.
No fim da noite, um grupo de pessoas não-identificadas pela polícia depredou e, de madrugada, incendiou a casa.
O grupo tentou impedir o acesso dos bombeiros. O fogo só foi apagado por volta das 2h. A casa estava totalmente destruída.
Maciel Neto será o último a ser ouvido pelo delegado Antonio Moreira dos Reis, que preside o inquérito. Nas investigações iniciais, ontem, o delegado disse que não foi possível identificar a voltagem da cerca, destruída pelo fogo.
Se a perícia comprovar que a morte foi provocada pela cerca, Neto pode ser indiciado por homicídio culposo (não-intencional).

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