São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Rádios paulistas não teriam perfil mudado

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

As emissoras de rádio de São Paulo não mudariam o perfil de sua programação se a "Lei da Música" entrasse em vigor.
As principais emissoras paulistas ouvidas pela Folha são unânimes: não vale a pena, por causa do imposto de renda, tocar um tipo de música diferente da do estilo da rádio.
"Vivemos em função do gosto do ouvinte. Com essa medida, perderíamos audiência e anunciantes e não conseguiríamos pagar nem o restante do imposto", disse Cid Luis Jardim, diretor de programação e sócio da Transcontinental, emissora que toca, basicamente, samba e pagode.
A popular Cidade FM, líder paulista de audiência, com 85% da programação reservada a artistas populares, também compartilha dessa opinião. "Somos uma rádio competitiva. Se determinada música não faz parte do nosso perfil, não tocamos", afirmou o diretor interino de programação Wagner Mendes.
Segundo ele, é importante defender a música brasileira, desde que isso não comprometa o ibope da emissora.
Maurício Barreira, diretor de programação da Musical FM (que só toca artistas nacionais), afirmou que não deve haver distinção entre os estilos de música brasileira a ser tocadas.
"Forçar que se leve ao ar música instrumental é dizer que um estilo tem mais valor que o outro. Isso não é correto, pois todas são produções brasileiras."
Apesar de achar essa lei "interessante por causa do estímulo à cultura nacional", Barreira acrescenta que a Musical não mudaria sua programação: "Não há desconto em imposto de renda que pague a perda de ouvintes."
Rádio rock
As emissoras 89 FM, Antena 1, Jovem Pan e Transamérica, que têm grande parte da programação reservada à produção estrangeira, também não concordam com a "Lei da Música".
"O mercado é que tem que definir e estimular a boa música, não dá para forçar a barra", disse Alexandre Hovoruski, diretor de programação da Jovem Pan FM.
Segundo o diretor de programação da Transamérica, Marcelo Nascimento, a tendência das rádios é a segmentação, cada qual com o seu perfil. "A partir daí, o ouvinte decide o que escutar."
Para o diretor artístico da 89 FM, Luiz Augusto Alper, a "Lei da Música" tenta proteger a cultura brasileira de forma "paternalista".
"A música nacional tem seu espaço. A 89 toca música brasileira, desde que ela seja rock, e nossa postura é manter isso."
Vlamir Marques, diretor de programação da Antena 1, acrescenta que manter a segmentação "é manter a personalidade de cada rádio".

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