São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996
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Criar é a solução para o homem do século 21

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

É preciso sair da dialética entre o otimismo e o pessimismo, entre a fé e a descrença e acreditar que o futuro não é predeterminado e que os problemas do homem podem ser resolvidos pela criatividade.
Essa foi a conclusão do seminário internacional "Representação e Complexidade", realizado de segunda a quarta desta semana, no Rio, e promovido pelo Conselho Internacional de Ciências Sociais da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e pelo Conjunto Universitário Candido Mendes.
Para o diretor da Unidade de Análise e Previsão da Unesco, o francês Jérôme Bindé, existe um grande distanciamento entre os pensadores atuais e os responsáveis pelas decisões políticas em todo o mundo. E isso demandaria "novas formas de reflexão".
"O século 21 terá problemas imensos, mas somos prisioneiros das decisões de curto prazo. É preciso uma visão de longa distância."
O filósofo francês Edgar Morin, palestrante, propôs a adoção de um "pensamento complexo, apto a religar, contextualizar, globalizar, mas ao mesmo tempo reconhecer o singular, o concreto".
Por acreditar que os problemas da humanidade estão relacionados a todas as áreas do conhecimento, a Unesco convidou especialistas de várias disciplinas para o evento.
Participaram, entre outros, o ministro da Cultura, Francisco Weffort, e o belga Ilya Prigogine, Prêmio Nobel de Química de 1977.
"Temos que entender o fenômeno da globalização, não para aceitá-lo, mas para verificar se essa situação convém ou não ao homem", disse Candido Mendes de Almeida, presidente do Conjunto Universitário Candido Mendes.
Segundo Jérôme Bindé, "o homem não pode se sentir de mãos atadas, ele pode mudar as coisas, principalmente pela educação, que é o investimento essencial".
Em uma das palestras de maior sucesso, o antropólogo Nelson Brissac Peixoto, da Universidade de São Paulo, falou da inserção das obras de arte nos espaços urbanos. "As intervenções artísticas nas cidades não podem ser só lúdicas. Os artistas vão trabalhar cada vez mais tensões e conflitos urbanos."
O seminário foi o segundo evento da "Agenda do Milênio", programa da Unesco que prevê a realização de dois encontros por ano até o fim do século. O próximo será em abril, no Rio ou em São Paulo.

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