São Paulo, sexta-feira, 8 de novembro de 1996 |
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"O Livro de Cabeceira" abraça esteticismo
MARCELO REZENDE
Sua arte de citações e cores reside na pintura, na imagem estática, e não nos quadros em movimento, de que "O Livro de Cabeceira", que estréia hoje em São Paulo, é um drástico exemplo. Depois da arte barroca, do mundo dos pintores Bosch ou Goya, agora ele parte em direção aos motivos japoneses. Uma bela e jovem modelo se lembra do passado com seu pai, um escritor versado na caligrafia. E no Japão a escrita não é apenas um meio para que a informação se propague, mas uma arte, no sentido em que contribui para o aprimoramento do espírito. Sei Shonagon Mas a tal mulher se lembra também de como sua família foi odiada por um poderoso editor, e de que como sua mãe e tia liam para ela, todas as noites, os textos do livro de cabeceira de Sei Shonagon, que falam sobre todas as coisas belas e os motivos de lágrimas do mundo. Arte Pois bem. Greenaway nos apresenta seu caso: seu personagem quer vingança, ao mesmo tempo que não se poupa de ofertar, viver e cultuar os prazeres do mundo. Cineasta de um esteticismo absoluto, radical, a Greenaway nada interessa, a não ser enxergar a própria vida como uma forma absoluta e rigorosa de arte. Toda a existência, para ele, parece se realizar apenas nesse caminho. Sua alma está em uma palheta de cores. Seu cinema, em lugar nenhum. Filme: O Livro de Cabeceira Produção: Inglaterra, 1996 Direção:Peter Greenaway Com: Vivian Wu, Yoshi Oida, Ken Ogata, Ewan McGregor, Hideko Yoshida Quando: a partir de hoje, no cine Vitrine LEIA MAIS sobre Peter Greenaway à página 4-11 Texto Anterior: 'Party Girl' não é o que parece sobre festas de NY Próximo Texto: Greenaway abraça a difícil arte japonesa Índice |
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