São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Vizinho de igreja faz vigília e acorda às 7h todos os domingos

Moradora vai às sextas à casa da irmã para poder dormir

DA REPORTAGEM LOCAL

A pior noite da semana para quem mora perto de uma igreja evangélica que não possui isolamento acústico é a sexta-feira. Nessa data ocorrem as chamadas vigílias, quando os fiéis passam a madrugada orando e cantando.
"Ninguém consegue dormir", afirma a vendedora Keila Femini, 36, que mora atrás da Igreja Universal do Reino de Deus da av. Celso Garcia.
Segundo ela, mesmo com as janelas fechadas, "parece que o culto está sendo feito dentro da minha casa". Ela diz que aumenta o volume da TV e passa a madrugada assistindo filmes no vídeo. "Só durmo quando capoto, quando desmaio de sono."
A dona-de-casa Maria Ivone Araújo, 56, diz que, por causa do barulho, toda sexta-feira dorme na casa da irmã, na Vila Mariana. "É o único jeito que encontrei para conseguir descansar", afirma Maria Ivone.
Ela diz que, aos domingos, o barulho começa logo cedo, às 7h. "A gente tem que acordar junto." Ela diz que morava na cidade de Avaré, no interior de São Paulo, e mudou há dois anos para São Paulo. "Lá era uma tranquilidade. Aqui, eu estou pagando o meu carma."
"Assim como respeito todas as religiões, eles deveriam respeitar a nossa tranquilidade", afirma a advogada A.M., 31, que pede para não ser identificada. "Eles agem como se existissem apenas eles no mundo."
Igrejas
A Igreja Universal do Reino de Deus afirma que o templo da avenida Celso Garcia possui isolamento acústico nas paredes, portas e janelas.
Segundo o assessor administrativo da igreja, que se identificou apenas como Edson, os índices sonoros emitidos durante os cultos estão abaixo dos determinados pela legislação.
O Programa de Silêncio Urbano (Psiu) recebeu 462 denúncias de barulho na zona leste (contra igrejas, bares, restaurantes etc.) entre 12 de abril e 31 de outubro.

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