São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Aposentado convive com sirene e prensas de até 200 toneladas

Empresa diz que está tentando diminuir o nível de ruído

DA REPORTAGEM LOCAL

O aposentado Paulo Barbosa da Silva, 57, diz que mora ao lado de um terremoto. "Às vezes, eu preciso sair daqui para refrescar a cabeça. É muito barulho."
Silva é vizinho da metalúrgica Wotan, localizada no Carandiru, na zona norte. "A cada minuto, prensas de 150 e 200 toneladas batem em chapas de ferro, provocando ruídos ensurdecedores", afirma o aposentado.
Pai de quatro filhos, Silva diz que sua mulher, Neusa Maria Lopes da Silva, operou o coração duas vezes e não pode conviver com tanto barulho. "O problema é que nós não temos condições para mudar daqui", afirma.
Ele diz que, até alguns meses atrás, a situação era bem pior. "Havia uma sirene de bombeiro que tocava de hora em hora para os funcionários. Ainda bem que eles colocaram uma mais baixa."
A zona norte de São Paulo fez 406 reclamações ao Psiu entre 12 de abril e 30 de outubro -boa parte delas contra fábricas.
É o caso do aposentado Romeu José Correia Silveira, 58, que é vizinho da Cardan Paulista, uma recuperadora de peças usadas. "Eles trabalham durante o dia inteiro. É martelada que não acaba mais", afirma o aposentado, que mora na Vila Maria.

Empresas
O consultor Luiz Pino, 41, que trabalha para a metalúrgica Wotan, afirma que o ruído emitido pela empresa é menor do que os limites ambientais estabelecidos pela legislação.
Ele diz que, apesar disso, a empresa já fez um projeto de isolamento acústico. "Queremos reduzir ainda mais o som emitido. Mas o projeto é caro, cerca de R$ 400 mil, e a implantação levará cerca de dois anos."
"Nós estamos aqui há 41 anos. As residências vieram depois", diz o consultor.
A Folha procurou a direção da Cardan Paulista para comentar as declarações feitas pelo seu vizinho, mas foi informada de que a única pessoa que poderia falar estava viajando.

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