São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Entenda a crise dos refugiados

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Há mais de 1,2 milhão de refugiados sem acesso a ajuda humanitária internacional no leste do Zaire porque não existem rotas para que eles sejam alimentados.
Os refugiados (hutus) fugiram dos campos em que estavam no leste zairense por causa da ofensiva dos tutsis banyamulenges contra a região, que também impossibilitou a chegada de ajuda ao local.
Tutsis e hutus convivem há cerca de 500 anos na região de Ruanda e Burundi. Há 200 anos, alguns tutsis se estabeleceram no leste do Zaire e passaram a ser chamados de tutsis banyamulenges.
Eles começaram a ser perseguidos por moradores da região e, mais tarde, pelo governo do Zaire, que lhes negou cidadania zairense.
Com os confrontos entre as etnias tutsi e hutu em Burundi desde 1972, milhares de hutus começaram a fugir para o leste do Zaire.
Mas o grande fluxo de hutus ocorreu em 1994, quando tutsis tomaram o poder em Ruanda. Mais de 1 milhão de hutus fugiram para o leste do Zaire temendo represálias pelo massacre de 1 milhão de tutsis e hutus moderados que os próprios hutus promoveram.
Os hutus, no Zaire, continuaram atacando em Ruanda, usando os campos de refugiados como suas bases, segundo o governo ruandês.
Ofensiva
A recente ofensiva dos tutsis banyamulenges começou quando eles receberam a ordem de deixar Kivu Sul, a região onde vivem.
Eles passaram a atacar posições do Exército do Zaire junto aos campos de refugiados hutus como resposta. Chegaram até a entrar em confronto com radicais hutus que ajudavam os soldados.
Segundo o governo do Zaire, eles foram auxiliados pelas tropas tutsis do governo de Ruanda, que estaria interessado em acabar com os campos de refugiados hutus. Os banyamulenges ajudaram os tutsis de Ruanda durante a guerra.
O Zaire também tem interesse em acabar com os campos de refugiados, mas teme que os tutsis banyamulenges consigam criar um Estado tutsi na região.

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