São Paulo, sábado, 9 de novembro de 1996
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Sensacionalismo; Destaque injustificável; Prioridades; Provão; Palhares; Crítica; Embaraço

Sensacionalismo
"A manchete da Folha de 5/11 falando em redução de cerca de 50% das mortes das pessoas com Aids é no mínimo uma manchete sensacionalista.
Os dados apresentados pelo 3º Congresso Internacional de Infecção por HIV em Birmingham são resultados muito recentes e um número ainda pequeno diante da grande pandemia.
A difícil vida de portadores do HIV, a qual vivemos, não pode ser alimentada por sonhos que num futuro próximo podem tornar-se pesadelos.
Em um país em que os doentes de Aids morrem por falta de um simples leito hospitalar, tais manchetes, mesmo que venham a ser verdadeiras, mostram que a tal 'cura' deverá ter como avalista uma boa conta bancária, o que infelizmente não é o caso de cerca de mais de 85% dos infectados."
Eduardo Luiz Barbosa, presidente do GIV -Grupo de Incentivo à Vida (São Paulo, SP)

Destaque injustificável
"A Folha de 31/10 deu destaque injustificável à operação montada pelo Tribunal de Contas do Município para 'inocentar' o candidato Pitta do prejuízo de R$ 1,7 milhão no caso das Letras Financeiras do Tesouro Municipal.
O jornal não informou que não houve processo transparente no caso das LFTMs e que os documentos relativos a essa maracutaia não foram mostrados nem mesmo à imprensa.
Faltou esclarecer também que o TCM, que não é órgão do Poder Judiciário, tem seus conselheiros escolhidos por indicação política.
Ao reproduzir sem crítica a armação do TCM a Folha desinformou seu leitor e beneficiou o candidato malufista, que usou o jornal em seu programa eleitoral e no debate de 1º/11 para tentar negar o prejuízo que causou à cidade."
Devanir Ribeiro, líder da bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

Prioridades
"A reportagem da Folha no caderno Eleições 96 de 3/11 diz, em uma página, que a prioridade do prefeito Paulo Maluf foi 'o carro' e, na página seguinte, informa que o número de carros em São Paulo aumentou 22% entre 92 e 96 e que se todos eles saíssem ao mesmo tempo não caberiam nas ruas.
Considerando que havia mais de uma década não se construíam obras viárias e que a gestão passada paralisou durante quatro anos obras iniciadas por Jânio Quadros, é igualmente óbvio que as prioridades da atual administração foram o trânsito e o transporte e não 'o carro'. Colocamos cerca de mil ônibus a mais em operação, que foram beneficiados pela melhor fluidez do trânsito.
A prioridade do prefeito foi contribuir para evitar o caos no trânsito, com o consequente estrangulamento da circulação dos ônibus, legando ao seu sucessor uma infra-estrutura viária razoavelmente atualizada, que permitirá ao próximo governo investir mais em outras prioridades."
Francisco Christovam, presidente da São Paulo Transporte -SPTrans (São Paulo, SP)

Provão
"Está de parabéns a Folha pelo editorial da primeira página de 7/11. Pena que tal brilhantismo seja empanado por quase dez dias de absurdos (para não dizer estupidez) em torno do acidente aéreo da TAM.
Sensacionalismo do tipo que a Folha está produzindo deveria ficar para os consumidores do 'Notícias Populares', do mesmo grupo!"
Jayro Eduardo Xavier (São Paulo, SP)
*
"O chamado provão representa uma tentativa de escamotear a crônica omissão do governo federal, que não cumpre suas responsabilidades de controlar a qualidade dos cursos superiores brasileiros.
O correto seria implantar um eficiente sistema de supervisão, sobretudo das escolas privadas, e não a aplicação de um exame que, ao final, vai premiar as instituições mais burocráticas e mercantilizadas, as menos ousadas e criativas."
Cesar Callegari, presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de São Paulo (São Paulo, SP)

Palhares
"O publicitário Hélio Kaltman conseguiu receber seu pecúlio no INSS após um ano porque utilizou o recurso de se passar pelo 'Palhares'. Eu só recebi o meu após 19 meses de filas, exigências, desinformações e desinteresses.
E enquanto esperava nas filas ouvi muitas histórias de pessoas que já esperavam aquele pagamento havia mais tempo que eu."
João Joel Lira (São Paulo, SP)

Crítica
"Tomara que você, leitor, tenha mais o que fazer. Assim será poupado do repugnante 'Antarctica desastre-desarte? com a Folha', ou seja, qualquer coisa relacionada com 'desprazer para um desprograma'. Quem eles pensam que são os leitores para abusarem tanto?
Deveria haver um Procon para o sujeito reclamar de uma coisa dessas. Me senti trapaceado. Essas duas empresas me passaram para trás. Divulgaram suas propagandas com o intuito de 'vender' seus produtos. Peixes podres.
Discute-se aqui a desqualidade do que os mais ousados chamaram de arte. Eles vão para Nova York, fazem compras e quando voltam 'alugam' a primeira galeria que vem à cabeça e daí nos presenteiam com suas porcarias. E são essas porcarias que ora eles apresentam lá no Ibirapuera. É irritante."
José Augusto Lisboa (São Paulo, SP)

Embaraço
"A liberação de parte da verba solicitada por Jatene para a saúde pública deixa o governo em situação embaraçosa e desconfortável perante a sociedade brasileira: tão logo o ministro deixa o cargo o dinheiro aparece.
A conclusão é que o ministro Jatene incomodava o governo e, principalmente, o pessoal da área econômica, avesso à melhoria da saúde pública."
Milton Torres Dantas (Recife, PE)

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