São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Governo critica atuação do Judiciário

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de São Paulo, Márcio Sotelo Felippe, disse que as condenações impostas ao Estado pela Justiça "refletem uma concepção ultrapassada do direito de propriedade".
Segundo ele, os valores fixados nos processos de desapropriação "são absurdos, verdadeiros monstros".
Felippe é o responsável pela coordenação de toda a defesa do Estado na Justiça.
Ele foi encarregado pelo governador paulista, Mário Covas, de uma missão quase impossível: tentar brecar na Justiça a tendência predominante no Judiciário de condenar o Estado a pagar indenizações milionárias em processos de desapropriação indireta (processo por meio do qual o particular exige que o Estado compre sua propriedade).
Somente nos processos envolvendo terras em áreas de proteção ambiental, o Estado terá de pagar cerca de R$ 6 bilhões.
Felippe tenta no STF (Supremo Tribunal Federal) reduzir pela metade esse valor. O governo contesta os critérios de correção monetária que o Tribunal de Justiça de São Paulo utilizou nas dívidas. Enquanto não obtiver vitória, os valores persistem.
"A sociedade está sendo obrigada a pagar para alguns um direito que já é de todos -o de ter um ambiente saudável e a natureza preservada", disse Felippe.
O procurador contesta ainda a forma que o Judiciário utiliza para definir as indenizações, pagando separadamente a terra e a mata nativa. "É como se a mata não estivesse integrada no preço da terra."
Procurado pela Folha, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Yussef Said Cahali, informou que precisaria de mais tempo para se manifestar sobre um assunto "de tamanha complexidade".
(MA)

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