São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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A resposta do presidente:

"Meu caro Jatene,
Recebi sem surpresa, mas mesmo assim consternado, sua carta de renúncia ao cargo de ministro da Saúde. Tantas vezes revimos juntos os problemas da saúde e sonhamos juntos com soluções para eles, que sua carta reitera o que já sabia: no quadro fiscal existente, é impossível dotar o ministério dos recursos necessários.
Extamente porque acredito que é preciso tornar possível o necessário, apoiei a CPMF e fiz, junto consigo, os esforços para aumentar a dotação do Ministério da Saúde. Só assim foi possível quase dobrar, em dois anos, os recursos do SUS. Ainda sim, eles são insuficientes. O que fazer? Continuar lutando, como continuarei: pena que sem você, embora com sua inspiração.
As dificuldades atuais, bem analisadas as coisas, derivam da demora de mais de um ano para a aprovação da CPMF pelo Congresso. Por isso, o adiantamento que foi feito aos hospitais ficou sem cobertura financeira. Espero que no próximo ano, com a receita adicional, seja possível corrigir, paulatinamente, as anomalias maiores.
Nada disso consola, nem a perda de sua colaboração, nem a insuficiência básica de recursos que só poderá ser minorada com maior cooperação dos Estados e municípios e com revisão da ênfase, como você já vinha fazendo, passando-se da medicina curativa para a preventiva da saúde.
Resta agradecer, muito sinceramente, sua colaboração, sua coragem para diagnosticar os problemas do ministério e enfrentar as soluções, e o ânimo que você infundiu a todos nós.
Tenha a certeza de que suas declarações mostrando a disposição de continuar a luta pela saúde não ficarão nas palavras. O Brasil precisa de gente como você.
Com afetuoso abraço.
Fernando Henrique Cardoso."

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