São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulher aprova vingança 'à Lorena Bobbit'

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há mais "discípulas" da sanguinária manicure Lorena Bobbit no mundo do que a desavisada prepotência masculina pode supor.
Na semana passada, muitas mulheres davam razão à J.G.G.S., 17, que também decepou o pênis do companheiro, em Serra (ES).
"Se houve uma traição imperdoável, dou a maior força para a menina do Espírito Santo", afirma a gerente de loja Ana Lúcia Calil, 26, três e meio de namoro firme.
"Me considero uma 'discípula' de Lorena Bobbit", diz Ana Lúcia, que "chegaria, sim, a esse extremo". "É só facilitarem comigo", diz (leia depoimento ao lado).
Outra que não poupa nenhum trunfo é a empresária Roberta Marzola, 26. "Só não fiz nada do gênero porque ninguém me deu motivos suficientes", diz.
Roberta nunca chegou lá, mas orgulha-se de ter um currículo cheio de "rodadas de baiana".
"Há pouco tempo descobri que meu namorado era casado e fiz um escândalo. Fui lá e contei do nosso namoro para a mulher dele."
Sem perdão
Roberta afirma que faz o tipo que não perdoa, nem esquece. "Vou até o fim do mundo para me vingar do cara", diz.
E isso vale para as amigas em apuros também. Ela conta que ajuda muito sua melhor amiga.
"Teve um menino que terminou com ela sem dar muita satisfação e logo casou com outra, grávida dele", conta.
"A gente ligava para a casa da mãe do cara, dizendo que ele era maconheiro e gay", afirma. "Infernizamos tanto a vida do infeliz que ele foi obrigado a mudar o número do telefone."
A socióloga Maria Cláudia Gomes, 30, tem os seus motivos para discordar de Ana Lúcia e Roberta. "Jamais cortaria o pênis do meu namorado", diz.
"Já há tão poucos homens realmente interessados em mulheres, que eu não vou ajudar a diminuir ainda mais as nossas possibilidades", explica.
Cláudia afirma que trata seus namorados muito bem. "Quem tem, cuida", diz. "Existem maneiras muito mais inteligentes de derrubar alguém, inclusive sexualmente, sem precisar cortar nada."
A reação masculina
O companheiro da menor J.G.G.S., o empresário João Carlos Mattos de Faria, 26, foi levado às pressas para São Paulo, onde foi submetido na terça-feira ao implante da parte decepada.
Segundo os especialistas, a possibilidade de sucesso total numa cirurgia dessas é de 30%.
O ator Oscar Magrini, que se considera um mulherengo inveterado, não consegue imaginar o que faria se o incidente tivesse acontecido com ele.
"Acho que cometeria uma loucura, mataria, não sei", diz Meneguini, 35, que afirma ter começado a transar aos 8 anos e já perdeu a conta do número de parceiras que possuiu desde então.
"Respeito tanto meu pênis, que lavo as mãos antes e depois de ir ao banheiro", diz. "Não poderia viver sem 'ele'."
O ator conta que só teve uma namorada agressiva, na época da faculdade de Educação Física.
"Ela me arranhava e beliscava porque eu olhava para outras mulheres. Eu olho mesmo e quem está comigo tem de saber disso."
Magrini diz que o namoro durou apenas dois meses. "Tenho vergonha de escândalo, detesto."
O ator Felipe Camargo, 36, ex-marido da atriz Vera Fisher e pai do filho dela, também não sabe dizer o que faria se tivesse sido com ele. "Isso é um horror", reage. "É o cúmulo da doença."

Texto Anterior: Blocos ainda têm mortalha para pular em Salvador
Próximo Texto: DEPOIMENTO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.