São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Tensão afeta 'mordida' e provoca dores

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Problemas na oclusão dos dentes (mordida) podem ser os principais responsáveis por dores nas costas, no pescoço e na cabeça de muitas pessoas que passam por uma fase de estresse.
Essa "estranha" conexão entre dentes, dores no corpo e tensão é frequentemente esquecida por muitos médicos. Assim, o paciente acaba fazendo uma verdadeira peregrinação por especialistas até descobrir a verdadeira causa do seu problema.
O movimento de mastigação deve ser harmônico -todos os dentes devem se tocar ao mesmo tempo. Quando esse mecanismo falha, a articulação da mandíbula (ATM), trabalha de forma excessiva.
Essa sobrecarga leva ao desgaste das estruturas que compõem a ATM. Assim, quando os ligamentos e os músculos da região da mandíbula são afetados, a pessoa pode sentir dores que refletem em outras partes do corpo.
Como um pequeno disco (cartilagem) que está dentro da articulação também pode estar comprometido, o paciente tem dores exatamente sobre a ATM.
Estresse
Tetsuo Saito, professor titular do departamento de prótese da Faculdade de Odontologia da USP, explica que uma pessoa que está calma pode ter um grande desequilíbrio na ATM sem manifestar qualquer tipo de dor.
Segundo Saito, a dor aparece quando a pessoa atravessa uma fase de estresse, passa a ranger e a apertar mais os dentes e potencializa a instabilidade da ATM.
Além das dores, o paciente pode ter zumbidos, náuseas, vômitos e sentir pequenos "estalos" na região da articulação.
O desgaste da ATM pode levar a um fadiga dos músculos da mastigação e a boca pode ficar "travada" enquanto a pessoa se alimenta.
Problemas ortodônticos (na forma ou posição dos dentes) e erros cometidos pelo próprios dentistas, como restaurações e próteses deixadas mais altas ou mais baixas do que deveriam, são causas comuns de desequilíbrio na ATM.
As dores e os desconfortos só melhoram com um tratamento adequado. Na primeira fase, a pessoa usa uma espécie de placa para estabilizar a mordida.
A placa compensa os pontos mais altos e os mais baixos da arcada dentária e reequilibra a mandíbula. O uso contínuo, por mais de 15 dias, produz alívio de sintomas.
Na segunda fase, o dentista deve corrigir efetivamente as falhas que existem. Ele pode fazer isso por meio de um desgaste seletivo dos dentes ou por um processo amplo e gradual de reabilitação oral. Saito diz que o processo é trabalhoso e que exige bastante conhecimento.

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