São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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MEC impôs sigilo total em torno do exame

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando receberem suas provas hoje às 15h de Brasília, os cerca de 55 mil estudantes envolvidos no primeiro Exame Nacional de Cursos terão nas mãos um dos segredos mais bem guardados da área de educação este ano.
A prova foi elaborada a partir de um perfil ideal do formando, que comissões de especialistas, indicados pelo MEC e por entidades da sociedade civil, montaram para cada curso avaliado: administração, direito e engenharia civil.
Relatórios com esses perfis -que também listavam as habilidades básicas que o profissional de cada área deve ter- foram entregues às instituições contratadas pelo MEC para elaborar, aplicar e corrigir as provas: Fundação Carlos Chagas, de São Paulo, e Cesgranrio, do Rio.
A primeira ficou com a área de direito. A segunda, com administração e engenharia civil.
Desde julho, quando os relatórios foram entregues, elas não dão qualquer informação que possa comprometer o sigilo das provas -o que inclui desde quem elabora e corrige até o nome das gráficas e a forma de transporte do material.
Especialistas
O que se sabe até as 15h de hoje sobre as provas é baseado no que as comissões de especialistas recomendaram em seus relatórios.
Foi a comissão de engenharia civil, por exemplo, que proibiu que o exame incluísse questões de múltipla escolha -é a única das três que não tem essas questões.
A comissão de direito propôs que os alunos deveriam elaborar um parecer. A prova apresenta três casos jurídicos e o estudante terá de dar parecer sobre um deles.
A comissão de administração fixou em 30 as questões objetivas e 10 as discursivas. E é assim que será a prova.
Formação básica
Mas os perfis e habilidades prescritos pelas comissões são suficientemente abrangentes para que não seja possível prever como serão formuladas as perguntas.
"Sólida formação básica" e "capacidade de análise crítica", expressões usadas pelas três comissões, são alguns exemplos da abrangência das definições.
As recomendações sobre os conteúdos a serem abordados são também tão genéricos que não dá para saber como será a prova.
O formando em engenharia poderá receber perguntas em áreas tão diversas como matemática, ciências sociais, topografia, transportes e saneamento básico. Administração e direito cobrem a mesma variedade assuntos.
Segundo o coordenador do Exame Nacional de Cursos, Jocimar Archangelo, "o provão não vai verificar a capacidade de memorização dos alunos, mas suas habilidades".

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