São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Exportadores fecham o câmbio com cautela

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os empresários estão antecipando menos o fechamento de seus contratos de câmbio para exportação. Mas, na avaliação do mercado, ainda é cedo para ver nesses números indícios de que as vendas efetivas vão cair em 1997.
O comportamento mais retraído dos exportadores ficou nítido nos contratos de câmbio comercial em outubro passado, com déficit atípico de US$ 506,6 milhões. A média diária foi de apenas US$ 166,1 milhões na exportação.
Em todo este ano, até setembro, a média diária para exportação havia sido superior a US$ 200 milhões. Em outubro do ano passado, embora com economia interna mais desaquecida, atingiu US$ 209,25 milhões.
Observado de forma isolada, o resultado de outubro poderia ser interpretado como indício de que as exportações físicas, de mercadorias embarcadas para o exterior, vão entrar numa rota perigosa.
O fechamento de câmbio para exportação é basicamente por ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), pelo qual o empresário recebe com antecedência, pagando juros, por mercadorias que exportará meses depois.
Os exportadores têm nesse mecanismo uma alternativa mais barata de financiamento. O custo de um ACC está na faixa de 7% a 8% ao ano mais câmbio, enquanto o crédito interno para capital de giro supera 40% ao ano. Só empresa de primeira linha obtém a menos de 30%.
Se sobram recursos tomados via ACC, o exportador ganha o diferencial de juros aplicando o dinheiro no mercado financeiro.
Na avaliação dos bancos, entretanto, era previsível que houvesse uma reversão desse processo. Desde o início de 95 o número dessas operações cresceu de forma exagerada, e a arbitragem dos juros (ganhar na diferença de taxas) está menos vantajosa.
"Havia de fato um descompasso. O que há agora é uma volta à realidade", concorda Carlo Barbieri, presidente da Associação Brasileira das Empresas Comerciais Exportadoras. A avaliação das tradings, afirma, é que as exportações vão reagir em 97.
Para Ricardo Pelucio, presidente da Contibrasil, as perspectivas de exportação de commodities agrícolas para 97 "são excelentes" com boa safra e isenção de ICMS.

LEIA MAIS sobre câmbio e exportação na pág. 2-7

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