São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996 |
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Abono substitui reajustes em negociações salariais
SÉRGIO LÍRIO
Nos últimos cinco meses, as negociações de quatro categorias importantes -petroleiros, bancários, bebidas e metalúrgicos- envolveram ofertas de abono. Em todos os casos, o abono foi proposto como substituto ao aumento salarial ou como complemento a reajustes menores que a inflação dos últimos 12 meses. Na semana passada, Volkswagen e GM propuseram aos metalúrgicos abono de 11% a ser pago em dezembro. Nesse caso, as montadoras também se comprometeram a incorporar os 11% aos salários de 97, em parcelas pagas em janeiro e julho. A Petrobrás deu 50% de abono aos petroleiros mais 8% de reajuste salarial em agosto. Os petroleiros reivindicavam 46% de aumento. As negociações não avançaram. Para Antônio Carlos Spis, da Federação Única dos Trabalhadores, o abono é uma "ilusão". "Só aumenta o poder aquisitivo no mês em que é pago. Depois volta tudo a ser como antes", afirma. Custo menor A vantagem para as empresas -e a desvantagem para os trabalhadores, dizem os sindicatos- é que o abono não incide sobre encargos sociais, como previdência, 13º e férias, o que ajuda a diminuir os custos de produção. segundo a Kaiser, que ainda negocia com seus funcionários, a economia com a utilização do abono seria de R$ 2 milhões. A Kaiser fez em outubro duas propostas aos seus funcionários: abono de 91% ou reajuste de 5,37%, menos da metade da inflação registrada pelo IPC da Fipe -11% no período de 12 meses. Crise O coordenador do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos), Antônio Prado, acredita na tendência de os abonos substituírem os reajustes. Prado ressalta porém que esse é um fenômeno localizado e não representa um sinal de mudanças no padrão de negociação no Brasil. "O aumento das ofertas de abono refletem apenas a crise em alguns setores produtivos", disse. Texto Anterior: A globalização na mídia Próximo Texto: Sociólogo vê 'lógica' em sistema Índice |
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