São Paulo, domingo, 10 de novembro de 1996
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Parreira e Palhinha

NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Assistindo o jogo entre Cruzeiro e Colo-Colo, pude entender finalmente que a saída de Parreira do São Paulo não foi tão brusca como alguns ainda insistem em argumentar, mas sim uma tardia e importante correção que a própria história se encarregou de fazer. Explico.
Quando em meados de 92, a seleção se preparava para a tortura das eliminatórias, o São Paulo, sob o comando de Telê, apresentava um futebol que parecia redimir a evidente vocação do jogador brasileiro para ser a alegria dos estádios. Além de uma tática ofensiva (que respeitava as características do plantel que o técnico tinha à sua disposição) e que inevitavelmente se resolvia em gols, contava com a consequência natural do efeito desses gols: as vitórias.
Seria lógico e cabível que a seleção -envolvida com seus crônicos problemas de desorganização e falta de tempo para treino- economizasse o tempo escasso utilizando a base de um time que já jogava junto há muito tempo. Jogava junto e bem.
Desrespeitando o bom senso e valorizando excessivamente sua vaidade, o técnico Carlos Alberto Parreira insistiu em não aproveitar a espinha dorsal do time tricolor. Suas convocações e escalações indicavam que ele tinha em mente uma outra arrumação para o escrete. Muito justo.
O que não pareceu justo foi a maneira pouco coerente que o técnico usou para escalar alguns atletas do São Paulo. Para citar um só exemplo vou colocar o nome de Palhinha. Não há um único observador atencioso que não concorde que o atleta, depois de ser "fritado" pelo treinador na seleção, levou sua crise pessoal para o seu clube e de lá acabou também sendo dispensado de maneira cínica e abjeta. Palhinha iniciou nas mãos de Parreira uma trajetória descendente que muitos acreditavam irreversível. Pude confirmar (o que pra mim sempre fora uma secreta certeza) que o futebol daquele craque permanece genial e irretocável. Atravessou apenas um túnel obscuro de desacertos. E, para finalizar: não é nada estranho que esse mesmo Parreira, que anos atrás desprezou o time do São Paulo dispensando alguns de seus jogadores, tenha sido agora, justamente, desprezado e dispensado por sua torcida (que, infelizmente, também desprezou o Palhinha). Portanto, que viva o Cruzeiro!!!

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