São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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O Proer em resumo

- O que é
Programa lançado pelo governo em novembro de 95 para evitar que a crise de grandes bancos gerasse quebradeira em todo o sistema financeiro. O Banco Central passou a financiar a aquisição de bancos falidos por bancos saudáveis, que também ganharam incentivos fiscais na operação

- Como funciona
O banco quebrado sofre intervenção do BC e é separado em duas partes: a "boa" (agências, clientes e créditos de retorno garantido) é absorvida por um banco comprador; a "ruim" (dívidas junto ao governo e créditos de difícil recuperação) fica com o BC

- Custos
O desembolso para financiar a fusão faz aumentar a dívida pública na mesma proporção, porque o BC precisa vender títulos no mercado para retirar o dinheiro em excesso injetado na economia. Em pagamento do empréstimo, o BC recebe títulos "podres", de juros baixos e prazo de até 30 anos. O custo do Proer é a diferença entre as taxas dos dois tipos de títulos e só será conhecido em 30 anos

- Problemas
O programa praticamente eliminou o risco da atividade bancária, o que não incentiva clientes a procurar instituições mais sólidas. Por isso, acabará em 31 de dezembro. BC sofre críticas devido à falta de transparência: não se divulga como foi gasto o dinheiro nem o andamento dos empréstimos

- Desembolsos do Proer
Em R$ milhões
Econômico-Excel - 6.578
Nacional-Unibanco - 5.898
Banorte-Bandeirantes - 1.256
Mercantil-Rural - 473
Martinelli-Pontual - 185
Antônio de Queiroz-United - 112
Total - 14.442

Fonte: Banco Central

- Cronologia
1995
Agosto
. Intervenção do BC no Banco Econômico gera onda de insegurança em todo o sistema financeiro. Descobre-se que o Econômico, mesmo quebrado desde 94, vinha recebendo socorro financeiro do BC
. Governo anuncia criação do seguro de depósito, que passou a cobrir saques até R$ 20 mil em bancos quebrados

Novembro
. Na madrugada do dia 4, sábado, o governo edita medida provisória criando o Proer. Falta de explicações faz aumentar a boataria no mercado
. No dia 17, o governo edita medida provisória permitindo que o BC mude o controle acionário de bancos mal administrados. No dia seguinte, o Nacional é vendido ao Unibanco

1996
Fevereiro
Descoberta de fraude de R$ 5,3 bilhões no Nacional faz crescer no Congresso o movimento pela CPI dos Bancos. Gustavo Loyola, presidente do BC, diz que o presidente Fernando Henrique Cardoso sabia da fraude desde outubro, mas depois nega

Maio
O Proer financia absorção do Econômico pelo Excel. Em vez dos R$ 2,95 bilhões anunciados pelo BC, os gastos ficam próximos a R$ 6,6 bilhões

Julho
O BC inicia acordo com o Bamerindus, último dos grandes bancos privados vitimados pela onda de incerteza no sistema financeiro. A saída do principal controlador, o senador José Eduardo de Andrade Vieira, abrirá caminho para dinheiro do Proer

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