São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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Procuradoria quer reaver o dinheiro do Proer

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal já decidiu que vai investigar cada centavo dos R$ 14,4 bilhões já liberados pelo governo em um ano de criação do Proer, o programa federal de socorro a bancos.
A próxima ação do Ministério Público Federal contra o Proer irá pedir até dezembro a restituição aos cofres públicos de parte dos R$ 6,578 bilhões emprestados para a incorporação do Banco Econômico pelo Excel.
O Proer já colocou duas vezes a equipe econômica do governo no banco dos réus sob a acusação de promover "ato ilegal e lesivo ao patrimônio público".
Como réus nas ações aparecem o ministro Pedro Malan (Fazenda), o ex-ministro José Serra (Planejamento), o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e cinco diretores do Banco Central.
Créditos "podres"
Na ação mais recente do Ministério Público, a Justiça Federal concedeu liminar que impede o Banco Central de receber créditos "podres" do Nacional usados como garantia ao empréstimo de R$ 5,89 bilhões que viabilizou sua incorporação pelo Unibanco.
Na mesma decisão, a Justiça também colocou indisponíveis os bens de ex-controladores do Nacional. A ação pede a demissão da diretoria do BC e o ressarcimento aos cofres públicos de supostos prejuízos causados pelo Proer.
Outras três ações envolvem fatos anteriores à criação do Proer, mas também investem contra a equipe econômica por supostas vantagens dadas ao Econômico.
A primeira ação do MPF remonta a dezembro de 1994, quando o Banco Central teria começado a conceder empréstimos irregulares ao Econômico. Até a intervenção do banco, em agosto de 1995, a ajuda do BC somou R$ 3 bilhões.
A segunda ação do MPF atinge o pagamento de correntistas até o limite de R$ 5.000 logo após a intervenção da instituição baiana.
Liminar
O PT (Partido dos Trabalhadores) obteve liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) contra o uso de recursos públicos para o pagamento dos correntistas.
Mas a liminar foi concedida este ano após o BC ter pago todos os correntistas. O BC diz que está no encalço dos responsáveis pelos rombos nos bancos.
Na Bahia, quatro sindicâncias do Banco Central já provocaram o arresto dos bens do ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá e de seus ex-administradores.
O mesmo deverá ocorrer no Rio de Janeiro com os ex-administradores do Banco Nacional.

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