São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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A SEMANA FINAL

O resultado da pesquisa Datafolha publicada no último sábado mostra que houve pouca alteração na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Realizado a apenas uma semana do pleito, o levantamento reforça a probabilidade de que Celso Pitta (PPB), com o apoio do prefeito Paulo Maluf, venha a ser o novo alcaide paulistano.
Pode-se supor que a larga vantagem obtida pelo candidato do PPB no primeiro turno das eleições e a frequente confirmação desse favoritismo em pesquisas de opinião tenham contribuído para a, por assim dizer, baixa intensidade da campanha neste segundo turno paulistano. O enfoque técnico adotado pelo marketing do candidato do atual prefeito e talvez um certo arrefecimento da postura arraigadamente ideológica do Partido dos Trabalhadores também somaram nesse sentido.
Não só a campanha paulistana deixou de atrair até agora grande entusiasmo, como também foi afetada, nesta fase final, por um histórico vício das disputas políticas: as acusações pessoais e as declarações ofensivas por parte dos candidatos.
Mesmo que tais afirmações sejam feitas em meio à emoção dos discursos ou sob a pressão de ter de garantir uma vitória, elas felizmente são repudiadas pelo eleitor quando surgem durante uma campanha. Candidatos a cargos eletivos ocupam horários frequentemente gratuitos na TV e tentam incessantemente conquistar a preferência do eleitorado. Não é exigir demais que, pelo menos, evitem transformar o período em que tentam conquistar votos em uma verborragia de insultos.
Os números das mais recentes pesquisas do Datafolha realizadas nas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, por exemplo, confirmam a tese de que ofensas, bate-bocas e acusações de cunho pessoal não conseguem nenhum tipo de benefício para os candidatos que ainda optam por praticá-los.
Os debates diretos entre os candidatos a prefeito têm sido neste ano relativamente frágeis -empobrecidos, no caso de São Paulo, pelas regras excessivamente restritivas impostas pelo PPB no debate promovido por esta Folha e pela TV Cultura entre os dois finalistas. Mas é direito do eleitor exigir que o espaço deixado pela falta de profundidade nas discussões não seja preenchido por lamentáveis agressões verbais.
Que, durante esta última semana de campanha antes do segundo turno, os candidatos saibam preservar sua própria imagem, seu capital político e a sensibilidade do eleitor.

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