São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 1996
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Brasil participou de intervenção em 1965

CLAUDIO GARON
DA REPORTAGEM LOCAL

A República Dominicana desempenhou um papel importante, ainda que involuntário, na consolidação interna e externa do regime surgido no Brasil após o movimento militar de 1964.
Em 1965 e 1966, os generais brasileiros Hugo Penasco Alvim (1901-1978) e Álvaro Alves da Silva Braga (1906-1971) comandaram a Força Interamericana de Paz (ou de Defesa), enviada ao país caribenho para juntar-se às tropas dos EUA que haviam deposto um governo supostamente esquerdista.
A participação do Brasil na operação indicou ao público interno, especialmente nas Forças Armadas, a orientação do novo regime.
Não se deve esquecer que, depois do movimento de 1964, pelo menos 1.200 militares foram afastados por suspeita de simpatia com a esquerda ou com o governo deposto do presidente João Goulart.
Externamente, representou uma afirmação do alinhamento do Brasil com as políticas de Washington e o fim da equidistância entre os blocos capitalista e comunista, adotada por governos pré-1964.
Ação unilateral
Para o historiador Tulio Halperin Donghi, a intervenção foi uma ação unilateral dos norte-americanos "transformada em mediação armada sustentada por uma força nominalmente pan-americana colocada sob o comando de um general brasileiro".
Segundo o deputado Roberto Campos (PPB-RJ), diplomata e ministro do Planejamento na época, a criação da FIP era uma forma de restringir a possibilidade de intervenções unilaterais dos Estados Unidos na América Latina.
As tropas eram compostas por mais de 20.000 soldados norte-americanos, 1.500 brasileiros e pequenos contingentes de outros países latino-americanos.
A colocação de um general brasileiro à frente da operação foi demonstração de apoio ao novo regime implantado em Brasília.
"Uma barretada dos Estados Unidos ao Brasil", nas palavras de Vasco Leitão da Cunha, ministro das Relações Exteriores do governo Castello Branco.
O chanceler diria, anos depois, que "a opinião do governo brasileiro era que os EUA tinham pedido auxílio e que nós devíamos dar esse auxílio".

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