São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 1996 |
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Guinada no social
LUÍS NASSIF No próximo dia 26 de dezembro, haverá uma guinada expressiva no conceito de políticas sociais no país. Campanha nacional estará lançando o programa "Alfabetização Solidária: assine embaixo", coordenado pelo Comunidade Solidária.Pretende-se conferir ao programa a abrangência do antigo Mobral, com uma diferença: enquanto o Mobral dispunha de uma estrutura de 4.500 funcionários públicos, o programa Alfabetização Solidária não envolverá mais do que sete funcionários. A implementação, coordenação e fiscalização do programa deverá ser da sociedade, por intermédio de três agentes básicos: prefeituras, universidade e empresas. As prefeituras serão incumbidas de montar o programa em seu município, fornecer local, mapear os analfabetos e selecionar professores -que, nas localidades com carência de professores, poderão ser alunos do segundo grau. As universidades (mais de cem cadastradas) ministrarão os cursos aos candidatos a professores e exercerão a coordenação pedagógica -estabelecendo o primeiro nível de controle externo sobre o programa. A última perna serão as empresas privadas, que serão convidadas a adotar as cidades, complementando o custo da alfabetização. Em média, cada aluno sairá por R$ 17 mensais para seus patrocinadores. As empresas serão incumbidas também da coordenação administrativa -fiscalizando se o dinheiro está sendo bem aplicado ou não. O Ministério da Educação e Cultura garantirá as bolsas para os professores (correspondendo a um salário mínimo mensal), o material didático e a supervisão pedagógica do curso. O programa não se resumirá a ensinar analfabetos a assinar o próprio nome. Mas pretende prepará-los para alguma atividade básica voltada para a economia local. Ao final de seis meses, eles terão que saber ler avisos básicos e comunicar por escrito algumas idéias. Recordistas Nessa primeira etapa, o programa selecionou 36 cidades entre as recordistas nacionais de índices de analfabetismo, cadastrou as universidades e buscou patrocinadores. Esse projeto-piloto será lançado em 26 de dezembro. A Volkswagen, por exemplo, adotou a cidade de Pauini, no interior do Amazonas, recordista nacional de analfabetismo, com 82% de analfabetos. A retaguarda pedagógica será proporcionada pela Universidade São Marcos, de São Paulo. A Votorantim adotou todo o Estado de Alagoas, que possui 16 municípios entre os 36 piores. Segundo tempo O mais importante será o segundo tempo do jogo. Terminada a primeira etapa, corrigidos erros de rumo, o programa se estenderá para todo o país. Grupos de cidadãos, empresas menores, e ONGs poderão se cadastrar no programa. O Comunidade Solidária se limitará a juntar as pontas. Cadastrado o grupo, ele será encaminhado a uma universidade conveniada. O grupo poderá adotar o material didático do MEC ou utilizar seu próprio método de alfabetização. A R$ 17 por mês, por aluno, nada impedirá que grupos de cidadãos conscientes engrossem a corrente da alfabetização. E será um bom teste para mostrar quem são as empresas com responsabilidade social no país. Convidado para aderir ao programa, por exemplo, o McDonald's não aceitou nem sequer sentar para conversar. Texto Anterior: Loja britânica é fechada na França Próximo Texto: Executivos do Bamerindus poderão gerir mudanças Índice |
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