São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 1996
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Programas ameaçam privacidade na Internet

RICARDO ANDERÁOS
DO UNIVERSO ONLINE

Imagine se seu nome, endereço, RG, CIC e a marca e modelo de seu aparelho de televisão fossem gravados a cada vez que você mudasse o canal da TV. Parece conto de ficção científica? Pois saiba que, dependendo de como entra na Internet, você corre sério risco de sofrer um monitoramento desse tipo.
Mas não precisa entrar em paranóia. Há várias maneiras de contornar as invasões de privacidade, seja separando a navegação pública do escritório do surf particular em sua casa, seja visitando sites que "cobrem" seu micro com um manto de invisibilidade.
Para isso basta dar uma passada, por exemplo, no Anonymizer (leia texto nesta página), que ninguém mais poderá rastreá-lo.
O importante é ter consciência de que o anonimato oferecido pela rede é apenas aparente. Certas companhias desenvolvem programas e bases de dados que parecem extraídos do livro "1984", de George Orwell.
Dirigidos a empresas e instituições que precisam garantir a segurança de suas redes corporativas e, por extensão, controlar a navegação de seus funcionários, eles registram cada site visitado.
Também podem interceptar mensagens de e-mail contendo palavras-chave selecionadas pelo administrador do centro de processamento de dados de sua empresa.
Portanto, se você acessa a rede a partir do escritório, cuidado: seus movimentos podem estar sendo cuidadosamente observados. O melhor procedimento, nesse caso, é assinar um serviço de acesso à Internet em sua casa e separar bem a navegação profissional no escritório do surfing para consumo pessoal, no aconchego de seu lar.
Assim sua correspondência pessoal pode ser enviada para o endereço de e-mail de sua casa, enquanto as comunicações profissionais ficam no escritório.
Mas as ameaças à privacidade também podem vir de fora do ambiente de trabalho. A base de dados P-Trak, criada em junho deste ano pela Lexis-Nexis (http://www.lexis-nexis.com), gerou uma grande polêmica ao rastrear e vender on line informações detalhadas sobre cidadãos norte-americanos, da data de nascimento e ficha policial ao número do seguro social.
O barulho foi tamanho que a Lexis-Nexis resolveu tirar algumas dessas informações do ar -ainda que se tenha dito muita bobagem sobre seu conteúdo, como, por exemplo, que o serviço informaria até o nome de solteira da mãe de cada pessoa catalogada.
Uma série de processos judiciais acabou levando a empresa a permitir que qualquer cidadão possa entrar no serviço e apagar os registros sobre sua vida pessoal.
Outro inimigo potencial da privacidade on line são os "cookies", arquivos que permitem a qualquer web site armazenar informações sobre suas visitas no disco rígido de seu micro.
Para o bem, esses arquivos permitem que você adapte o conteúdo dos sites às suas preferências pessoais, ou que os programadores desenvolvam novos serviços on line com alto nível de interatividade. Para o mal, os "cookies" podem ser usados para xeretar o tipo de informação que você acessa.
Você pode obrigar seu navegador a avisar cada vez que um site tentar "plantar" um cookie em seu micro. No Netscape, por exemplo, clique em "Options", depois "Network Preferences" e "Protocols", para finalmente marcar a caixa "Show an Alert Before Accepting a Cookie".
O problema dessa solução é que ela polui sua navegação, com repetidas mensagens cada vez que acessa um site diferente.

A colunista Maria Ercilia está em férias.

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