São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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FAO quer solução para refugiados na África

LUCIA MARTINS
ENVIADA ESPECIAL A ROMA

O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, convocou a comunidade internacional a aderir ao "programa especial" contra a fome dos refugiados na África.
"Enquanto estamos aqui nesse encontro, 1 milhão de refugiados estão passando fome em montanhas e florestas no Zaire. Essa situação é intolerável", disse o egípcio Boutros-Ghali, na abertura da Conferência da FAO em Roma.
Segundo a FAO (órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura), 155 mil morrem por mês no Zaire -75 mil adultos com disenteria e cólera e 80 mil crianças (50 mil de desnutrição).
O secretário-geral da ONU afirmou que a FAO e o Banco Mundial estão envolvidos em uma ação para assegurar alimentos e água para a África por "um longo período".
A objetivo da conferência, a primeira desde 1974, é convencer os países a passar a ver a fome como um problema do mundo inteiro, uma espécie de "todos por um e um por todos".
"Comida para todos", a frase da ONU para apresentar a reunião, foi também a mensagem principal do papa João Paulo 2º, que abriu os discursos na sede da FAO.
"Há alguns países que estão cercados pela miséria e pela fome, como aqueles sob embargo ou em guerra. O nosso objetivo deve ser lutar por mais igualdade na divisão dos recursos", disse.
A menção do papa ao embargo pode ser considerada um indício de que ele poderá fazer pressão pelo fim do embargo comercial contra Cuba. O presidente Fidel Castro deve chegar a Roma hoje e se encontrar com João Paulo 2º.
A FAO pretendia transformar essa conferência na maior de sua história de 51 anos. Mas a presença escassa de chefes de Estado e até de representantes de outros órgãos da ONU sugere que o objetivo não deve ser alcançado.
Ontem, representantes de duas das mais importantes agências da ONU faltaram: a comissária-chefe do Acnur (agência para refugiados), Sadako Ogata, e o diretor-executivo da Organização Mundial do Comércio, Renato Ruggiero.
Só a anfitriã Itália foi representada até agora por seu presidente, Oscar Luigi Scalfaro.

LEIA MAIS sobre a crise de refugiados no Zaire à pág. 11

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