São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 1996
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Brasil tem de diminuir o desperdício, afirma FAO

Até 30% da produção agrícola é perdida todo ano

LUCIA MARTINS
DA ENVIADA ESPECIAL

O Brasil perde 30% de sua produção agrícola por ano e está na lista dos países que fazem o pior uso de seus recursos, disse ontem à Folha Stein Bie, diretor do Departamento de Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento Sustentável da FAO.
Para Bie, o governo brasileiro deve priorizar ações para "ensinar" os pequenos produtores a obter melhores colheitas sem desperdício e criar infra-estrutura para escoar melhor a produção.
"Assim o país estará fazendo que mais comida chegue à mesa das pessoas, que é a principal meta da nossa conferência", disse Bie.
O ministro da Agricultura brasileiro, Arlindo Porto, confirmou que as perdas na produção são "muito grandes".
"Deve ser um pouquinho menor que 30%, mas ainda são realmente consideráveis. Estamos tomando várias medidas para melhorar a qualidade no campo", afirmou.
Entre as medidas, o ministro afirma que o governo está preparando um grande fórum -que será realizado em dezembro- para discutir a política agrícola do país.
"Temos buscado parcerias para aumentar a difusão de novas tecnologias para o campo. Vamos discutir novas maneiras de ampliar o conhecimento dos pequenos agricultores e melhorar o escoamento da produção", disse.
Ontem à tarde, Porto discursou na FAO. Segundo ele, o Brasil está agindo em três frentes, que irão, a médio e longo prazo, levar mais comida à população e cumprir as metas da FAO.
Eles são o Comunidade Solidária, o Pronaf (Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar) e a adoção de uma política de redução das tarifas.
O ministro afirmou que quer mudar a tradicional posição dos países em desenvolvimento em conferências das Nações Unidas. "Quero mostrar que a fome não é um problema só dos países pobres, mas do mundo inteiro", disse.
Para poder "falar grosso", o chefe de gabinete de Porto, Washington Mello, afirmou que o ministro quitou uma dívida brasileira com a FAO de R$ 5,5 milhões.
O ministério calcula que existam cerca de 16 milhões de pessoas passando fome no Brasil. O número sobe para 30 milhões se a pergunta é feita para organizações não-governamentais.

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