São Paulo, sábado, 16 de novembro de 1996
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Só controle populacional reduz fome, diz ONU

LUCIA MARTINS

O fim da fome só será possível se os países começarem a conter o crescimento populacional.
Essa foi a fórmula apresentada pelo diretor-administrativo do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Anders Wijkman, no 3º dia da conferência da FAO sobre alimentação.
"Com um crescimento da população descontrolado, de 5% a 6%, é impossível conter a pobreza. Imagine se aqui na Europa a população começasse a crescer. Teríamos de construir escolas, hospitais etc. E ficaríamos mais pobres."
Ele criticou os governos dos países que têm uma taxa de natalidade alta e não fazem nada para interromper o crescimento. "Não posso dizer que países são esses porque não é função da ONU criticar países isoladamente, mas todo o mundo sabe que eles existem, principalmente aqueles mais ligados ao Vaticano."
A afirmação de Wijkman vai de encontro ao discurso de João Paulo 2º, que abriu a conferência. Segundo o papa, a pobreza não está ligada ao aumento da população. Wijkman não disse que tipo de medidas poderiam ser usadas para reduzir o crescimento. "Cada país tem de escolher seu caminho."
Mais acesso a mercados
Outro caminho apontado para reduzir a pobreza foi o desenvolvimento de políticas que propiciem maior acesso dos países em desenvolvimento ao mercado mundial.
O responsável pela agricultura da Comunidade Européia, Franz Fischler, afirmou que faz parte das metas da Europa unida fortalecer "políticas domésticas e estratégias para os grupos mais vulneráveis".
Ele chamou essa política de "net-food-importing" para os países em desenvolvimento, que pode ser traduzida como uma política global de importação dos produtos dos países mais pobres.
China
A cooperação internacional foi também o principal ponto do discurso do premiê da China, Li Peng.
"Minha intenção é desenvolver a integração da agricultura com outros países, com o objetivo de conseguir benefícios mútuos."
O líder do país mais populoso do mundo (1,2 bilhão de pessoas) afirmou que a produção de alimentos terá de manter um crescimento de pelo menos 1% por ano para acompanhar a elevação da natalidade de 3,1% ao ano.

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