São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Financiador de Juraci responde a CPI

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A construtora Marquise, que fez a maior doação para a campanha do prefeito eleito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB), está sendo investigada por uma CPI da Câmara Municipal que apura denúncias de irregularidades em uma licitação da qual foi vencedora.
A prestação de contas enviada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Ceará pela coligação que apoiou Juraci Magalhães diz que a Marquise doou R$ 318 mil para a campanha do peemedebista.
Ainda segundo a prestação de contas, Magalhães recebeu R$ 1.259.917,70 em doações de campanha e gastou R$ 1.260.822,87.
O resultado da licitação foi divulgado no dia 29 de julho passado e apontou as construtoras Marquise e Planos como vencedoras. As duas empresas cobraram R$ 88,5 milhões para coletar o lixo de Fortaleza, nos 30 meses seguintes.
O presidente da construtora EIT, Geraldo Rola, diz que a concorrência foi viciada para a Marquise ganhar, e que sua empresa apresentou uma proposta que previa fazer a coleta por R$ 73,2 milhões.
O presidente da Empresa Municipal de Limpeza Urbana, Marcos Stênio Teixeira, diz que a EIT foi inabilitada tecnicamente para participar da licitação.
A licitação ganhou destaque na campanha eleitoral passada, com os adversários de Juraci Magalhães usando a polêmica para dizer que a Marquise fazia parte de um "esquema de corrupção" que drenava verbas para sua campanha.
"CPI do Lixo"
Após as urnas apontarem Juraci Magalhães como vencedor no dia 3 de outubro, a Câmara Municipal acatou proposta do vereador Francisco Lopes (PC do B) e instaurou uma CPI para investigar as denúncias de irregularidades.
Conhecida como "CPI do Lixo", a comissão já colheu depoimentos dos principais envolvidos na denúncia, mas ainda não tirou uma conclusão sobre o caso.
O presidente da Marquise, José Carlos Pontes, diz que vê a doação à campanha de Juraci como um "investimento natural".
"Atuamos no ramo de hotelaria, imobiliário e limpeza da cidade. É natural que façamos investimentos num candidato que reconhecidamente fez a melhor administração de Fortaleza", diz Pontes.
Para ele, as denúncias são frutos de "interesses políticos e empresariais contrariados".
O coordenador de finanças da campanha de Juraci Magalhães, deputado Marcelo Teixeira (PMDB), disse que a transparência com que foi feita a doação da Marquise "revela que não há nenhum interesse menor para escondê-la".

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