São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Para Arraes, até aliança com Maluf é válida para frear tese da reeleição

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Fortalecido pela boa performance do PSB nas eleições, o governador de Pernambuco e presidente nacional do partido, Miguel Arraes, está trabalhando pela articulação de uma frente contra a tese da reeleição.
Essa frente pode incluir até mesmo um adversário ideológico de Arraes, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), segundo apurou a Agência Folha.
Ontem, sem mencionar Maluf, o governador disse que, para atingir determinados objetivos, é possível "fazer alianças táticas e circunstanciais", reunindo forças políticas diferentes.
Ele tem feito contatos com políticos de outros Estados, mas até ontem não tinha nenhum encontro agendado com Maluf.
Arraes disse também que até o final do ano o partido deve se reunir para tomar posição contra a tese da reeleição.
O governador considera que, com o quadro surgido após as eleições, agora a tese da reeleição deve ser derrotada no Congresso.
Nas eleições municipais, o PSB venceu em 153 municípios -três dos quais são capitais (Belo Horizonte, Maceió e Natal).
Força nacional Para o governador, a "vitória eleitoral" do PSB torna o partido "uma força política nacional".
"Não sei se é a terceira, quarta ou quinta, mas é uma força de oposição ao governo federal."
Arraes defendeu a unidade das chamadas "forças populares" (reunindo partidos de esquerda), mas ressalvou que não estava trabalhando pela fusão dos partidos.
"A forma é secundária. O negativo é a desunião. O importante é estarmos unidos. A forma como esta união se dará deve ser estabelecida no diálogo", afirmou.
Mas o governador pernambucano não deixou de destacar que as eleições "deixaram sequelas" no relacionamento com o PT.
Em Natal e Maceió, os dois partidos disputaram o segundo turno com uma campanha marcada pela troca mútua de acusações.
"Que ficaram sequelas, não há dúvidas. Precisamos saber se elas serão apagadas, se serão cicatrizadas ou não", disse ele.
Arraes disse que o PSB não pretende "ocupar espaço de ninguém" -referindo-se ao PT e à pretensão do PSB de tornar-se o novo porta-voz da esquerda.

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