São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dobra entrada de capital estrangeiro

JAIR RATTNER
DE LISBOA

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, afirmou ontem em Lisboa que este ano a entrada de capitais estrangeiros no Brasil dobrou em relação a 1995. "O investimento estrangeiro vai alcançar US$ 8 bilhões em 1996, mais que o dobro do ano passado, quando ficou entre US$ 3,8 e US$ 3,9 bilhões".
A afirmação foi feita numa palestra sobre a economia brasileira atual para o Harvard Club, que reúne portugueses formados na universidade norte-americana de Harvard.
Segundo Loyola, o valor dos investimentos estrangeiros no Brasil este ano é muito superior a 1994, quando situou-se entre US$ 1,6 e US$ 1,7 bilhão. A previsão é de que o crescimento continue em 97.
Para Loyola, há uma melhoria qualitativa do investimento no país. "Nos últimos anos assiste-se a uma melhora gradativa do capital estrangeiro no Brasil, com prazos mais alongados e queda do nível de volatividade".
O presidente do Banco Central não considerou preocupante o desequilíbrio da balança de pagamentos. "O déficit de transações correntes deve ficar pelos 3% do PIB, dos quais 40% financiados pelo investimento direto", disse.
Loyola disse que não pretende modificar a política cambial, que estaria sendo um êxito, tanto em termos de fluxos quanto de estabilidade.
Na palestra, Loyola afirmou que a economia brasileira está mais competitiva. "Os ganhos de produtividade da economia nos últimos anos foram de 7% ao ano, no mínimo."
Ele também não considerou problemático o aumento do déficit entre importações e exportações. "O comportamento da balança comercial tem demonstrado que as exportações têm crescido, mas as importações cresceram mais. No entanto, observamos a predominância de bens de capital na pauta de importações brasileiras, o que é positivo."
Segundo Loyola, o déficit operacional do governo este ano deverá chegar a quase 4% -pior que o esperado. "Primeiro, porque subestimamos a conta dos juros e segundo porque o processo de ajustamento da conta dos Estados originou gastos. Se você vai privatizar uma empresa e faz um ajuste prévio, você gasta dinheiro", disse.
Loyola disse que a privatização do Banerj ocorrerá em dezembro e que a venda do banco será independente da venda da seguradora.

Texto Anterior: Deutsche Telekom coloca 690 milhões de ações no mercado
Próximo Texto: Seguro-garantia pode ser único critério para avaliar licitações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.