São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Parreira?

MELCHIADES FILHO

Você talvez já o tenha visto na TV. Baixinho (1,67 m) num esporte de gigantes, hiperativo, cabelo engomado, Mike Fratello treinou o Atlanta Hawks durante oito temporadas sem resultado notável.
Dispensado em 1990, virou comentarista da TV NBC. Só foi resgatado três anos depois para dirigir o Cleveland Cavaliers.
Com tal currículo, ninguém imaginaria que Fratello poderia influir na história do basquete americano. Mas é o que está acontecendo.
Ao elevar o medíocre Cleveland ao posto de quinta melhor campanha do Leste no torneio passado, o técnico cunhou um estilo de jogo muito imitado nesta temporada.
A estratégia: num time desprovido de talentos, ataque menos. Gaste o tempo (24 segundos para arremessar). Valorize a posse de bola e priorize a tática para reavê-la (rebotes e desarmes).
Entre os discípulos estão New Jersey, Philadelphia, LA Clippers, Portland e Miami.
O curioso é que a filosofia de Fratello, concebida para evitar o vexame dos fracos, já contaminou vencedores.
Charles Barkley explicou por que seu time, o bicampeão Houston, renunciou à velocidade. "Os contra-ataques se foram com nossos joelhos", disse, reconhecendo o desgaste dos astros do time (ele, Clyde Drexler e Hakeem Olajuwon somam cem anos).
A NBA, que vendeu ao planeta uma competição ofensiva e espetacular, se preocupa.
A primeira quinzena do torneio 96/97 registrou uma média de pontos baixa, considerada "assustadora" por Rod Thorn, responsável por mudanças de regras e regulamento da liga.
Mas calma. A tática de Fratello só se provou adequada para garantir a sobrevivência de equipes "mancas". Resta saber que uso terá para deter Chicago e Seattle, as "máquinas de velocidade" que fizeram a final do ano passado.

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