São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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'Arte pública faz pessoas pensarem'

Mary Jane Jacob vem a São Paulo

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mary Jane Jacob é provavelmente o mais conhecido e respeitado nome na área pública internacional. Com um background em crítica de arte, a norte-americana abandonou uma carreira em museus, em 1990, por projetos públicos em cidades norte-americanas como Charleston e Chicago.
Sofisticados e articulados, os projetos integram questões humanitárias e sociais e empurram a arte para um novo caminho.
Jacob vem a São Paulo para fechar o seminário de Arte Pública, realizado pelo Sesc, Usis e União Cultural. Em entrevista exclusiva à Folha, por telefone, de Chicago, ela fala sobre seu trabalho.
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Folha - O que fez você trocar o trabalho em museu pela arte pública?
Mary Jane Jacob - Meu interesse dentro do museu não mudou em relação ao que faço fora dele. Continuo a criar experiências com arte contemporânea que possam interagir com as pessoas, fazê-las pensar. A diferença é que não tenho mais os limites do museu, que são suas portas.
Folha - Como você começou a trabalhar com arte pública?
Jacob - Na verdade, respondi ao próprio interesse dos artistas. Os artistas, no final dos anos 80, começaram a querer trabalhar fora dos museus e das galerias. Eles começaram a usar a rua como galeria, realizando uma crítica do mundo e do sistema de mercado. Eu resolvi sair da esfera do museu em 90 e, em 91, criei o primeiro projeto de arte pública, "Lugares com Passado".
Folha - Como é o projeto?
Jacob - Ele foi realizado em Charleston, na Carolina do Sul, na época do Spoletto Festival, um festival de artes muito conhecido nos EUA. Nesse projeto pedi a 23 artistas, entre norte-americanos e estrangeiros, que criassem projetos que fossem reações à cidade, que é histórica, data do século 18.
Folha - O que você pretende com arte pública?
Jacob - Sei que não vou resolver os problemas do mundo, das gangues ou das crianças abandonadas. Mas acho que esses projetos plantam sementes nas pessoas. De alguma forma, fazem com que elas pensem. A arte pública está mais próxima das pessoas do que o museu tradicional.

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