São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Preso suposto agente duplo da CIA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um funcionário da agência central de inteligência dos EUA (CIA) foi acusado ontem de ter espionado para a Rússia por dois anos em troca de US$ 120 mil.
Harold Nicholson, 46, foi preso no sábado no aeroporto internacional de Dulles, em Washington, quando se preparava para embarcar para a Suíça, onde, segundo a polícia federal (FBI), iria se encontrar com seus contatos russos.
Este é o segundo caso de espionagem na CIA em dois anos. Em fevereiro de 1994, Aldrich Ames, funcionário do segundo escalão na agência, foi preso e acusado de ter trabalhado para a então União Soviética a partir de 1985. Ames cumpre pena de prisão perpétua.
Nicholson trabalhou para a CIA por 16 anos. Foi agente nas Filipinas, no Japão e na Tailândia e chefiou escritórios em Bucareste, Romênia, e Kuala Lumpur, Malásia.
A secretária (ministra) da Justiça dos EUA, Janet Reno, disse que a prisão de Nicholson foi possível graças à melhoria das relações entre a CIA e o FBI, após a prisão de Ames.
A promotora disse que não pretende, em princípio, pedir a pena de morte para Nicholson, mas sim a de prisão perpétua sem direito a liberdade condicional.
O caso Ames, o pior da história da CIA, provocou a renúncia do então diretor da agência, James Woolsey. Não se espera que o novo episódio tenha efeito similar sobre o atual diretor, John Deutch.
Ao que parece, Nicholson tem estado sob vigilância desde que começou a trabalhar para a Rússia, e o estrago feito pela sua espionagem é reduzido. As informações que Ames passou podem ter custado as vidas de dez agentes da CIA. As de Nicholson, nenhuma.
O FBI afirma ter interceptado um cartão-postal, assinado por Nevil Strachey, com o qual Nicholson combinou o encontro que teria na Suíça neste fim-de-semana, provavelmente para receber novo pagamento pelos seus serviços.
A acusação também diz ter provas de que Nicholson espionou até pelo menos terça-feira da semana passada. Para fotografar os documentos que depois passaria aos serviços de inteligência russa, Nicholson usava câmera especial, fornecida a ele pela própria CIA, embora ela fosse desnecessária para sua função mais recente, na divisão antiterrorismo da agência.

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